“Pare de Sofrer”, slogan
amplamente difundindo pela Igreja Universal põe em evidência o fundamento sobre
o qual está estabelecido todo seu conteúdo doutrinário e, consequentemente, o
meio pelo qual concorre no mercado religioso pelo “monopólio da gestão dos bens
de salvação e do exercício legítimo do poder religioso” (Bourdieu, 2005, p.
57). O propósito deste trabalho é
mostrar que a força do discurso iurdiano
está na reiteração constante da
possibilidade de uma existência terrena livre de qualquer angústia,
pondo em evidência, por conseguinte, a
proposta de uma nova teodicéia, na qual o sofrimento deixa de ser uma realidade inevitável.
Para tentar fundamentar biblicamente os ensinamentos, torna-se necessária
uma forma de interpretar as Escrituras distinta daquela feita pelo cristianismo
tradicional. É o que explica Mariano (1996) ao afirmar que “era preciso
substituir suas concepções teológicas que diziam que os verdadeiros cristãos
seriam, se não materialmente pobres, radicalmente desinteressados de coisas e valores
terrenos” ( p.27). A demonização da
pobreza é o melhor exemplo dessas novas concepções teológicas. O pobre não é
mais o “bem-aventurado”, mas, ao contrário, é aquele que se encontra sob
maldição, daí a necessidade primordial que tem de ser liberto.
Toda a construção do universo simbólico iurdiano evidencia uma luta
aguerrida, cujo objetivo não é nada menos do que a hegemonia no mercado religioso.
Para isto, lança mão de diversas estratégias.
Seu ponto de partida é a teologia da prosperidade. Não há nada mais
atrativo para uma sociedade, que alia a possibilidade do consumo irrestrito à
noção de felicidade, do que um discurso triunfalista fundado em promessas de
ascensão econômica e social. Diversificando sua oferta através do uso de
elementos de outras religiões, a IURD atrai pessoas de outros credos promovendo,
dessa forma, uma identificação mais rápida com seu sistema simbólico (Bonfatti,1999;
Campos, 1999). E, finalmente, tudo elaborado sob uma concepção dualista, Deus e
diabo em guerra constante, que fornece a objetivação do mal que, agora
conhecido, pode ser derrotado.
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* Resumo de trabalho apresentado no XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Link para o artigo completo: http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307040879_ARQUIVO_IgrejaUniversaldoReinodeDeus-OimperativoParedeSofrecomofundamentodeumanovateodiceia.pdf
6 comentários:
Gostei da clareza do texto! Sinto orgulho de vc, mana!
Recomendo a leitura do livro: Pensando fora da caixa - Ricardo Gondim. Beijo.
Obrigada maninha! Também sinto orgulho de você.
Beijão!
gostei do texto, seus textos em geral são bem fundamentados, reflexivos.
Obrigada, Irineu. Espero que volte outras vezes.
Abs,
Janete
idiotice, crentaiada que só fica na letra e nao vive a fé, aff nem sei porque to postando comentario nesse blog, deixa eu voltar pro q tava fazendo
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