Semana passada fui ao cinema assistir “Quem quer ser um Milionário?” (Slumdog Millionaire). Motivada, especialmente, pelo fato de ser um filme que tem o enredo como seu maior trunfo. Ora, um longa-metragem feito fora do circuito hollywoodiano, com um baixo orçamento, se comparado aos padrões dos filmes estadunidenses, e que foi reconhecido pela Academia com oito estatuetas, incluindo a de melhor filme, merece ser visto.
Eu sei que para muitas pessoas, me incluo entre elas, a opinião daqueles que concedem o Oscar não é significativa. Mas, devemos admitir que, desta vez, a escolha foi surpreendentemente maravilhosa. Sem lançar mão da parafernália tecnológica usada em grandes produções, o diretor, Danny Boyle, conta-nos, de forma magistral, a história de Jamal, um adolescente indiano proveniente da favela que consegue ganhar o prêmio máximo, 20 milhões de rúpias, em um programa de perguntas e respostas da televisão.
O ponto de partida da trama é o questionamento: Como pode um favelado conseguir chegar aonde nem pessoas com alto nível de formação acadêmica conseguiram?
A vida do garoto é marcada por tragédias pessoais, como ver a mãe assassinada por policiais hindus - sua família era mulçumana. Órfãos, ele e o irmão têm de lidar com diversas situações difíceis. Mas o grande mote do enredo é o amor que Jamal nutre, persistentemente, por Latika, uma jovem, também órfã, que conhecera ainda criança. Esse sentimento é o fator determinante de toda a existência do rapaz. Assim, ele não está no programa pelo prêmio, mas por Latika.
Mas, voltando a questão que é o eixo da trama, como ele conseguiu responder todas as perguntas corretamente? Jamal não é nenhum gênio, mas tem a capacidade ímpar de aprender, simplesmente, prestando atenção em sua própria vida. Todas as respostas foram buscadas em sua vivência. O mérito do adolescente está no fato de que, diferentemente da maioria, ele estava sempre atento ao que lhe acontecia e, mais, aprendeu a ler, não os livros, mas as pessoas. Como diriam os críticos afetados, “Vale a pena conferir.”
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