quinta-feira, 24 de novembro de 2011

*Igreja Universal do Reino de Deus: o imperativo “Pare de sofrer” como fundamento de uma nova teodicéia


                                                    (Imgem: http://www.marciodesouza.com)

“Pare de Sofrer”,  slogan amplamente difundindo pela Igreja Universal põe em evidência o fundamento sobre o qual está estabelecido todo seu conteúdo doutrinário e, consequentemente, o meio pelo qual concorre no mercado religioso pelo “monopólio da gestão dos bens de salvação e do exercício legítimo do poder religioso” (Bourdieu, 2005, p. 57). O propósito  deste trabalho é mostrar que a  força do discurso iurdiano está na reiteração constante da  possibilidade de uma existência terrena livre de qualquer angústia, pondo em evidência, por conseguinte,  a proposta de uma nova teodicéia, na qual o sofrimento  deixa de ser uma realidade inevitável.
Para tentar fundamentar biblicamente os ensinamentos, torna-se necessária uma forma de interpretar as Escrituras distinta daquela feita pelo cristianismo tradicional. É o que explica Mariano (1996) ao afirmar que “era preciso substituir suas concepções teológicas que diziam que os verdadeiros cristãos seriam, se não materialmente pobres, radicalmente desinteressados de coisas e valores terrenos” ( p.27).  A demonização da pobreza é o melhor exemplo dessas novas concepções teológicas. O pobre não é mais o “bem-aventurado”, mas, ao contrário, é aquele que se encontra sob maldição, daí a necessidade primordial que tem de ser liberto.
Toda a construção do universo simbólico iurdiano evidencia uma luta aguerrida, cujo objetivo não é nada menos do que a hegemonia no mercado religioso. Para isto, lança mão de diversas estratégias.  Seu ponto de partida é a teologia da prosperidade. Não há nada mais atrativo para uma sociedade, que alia a possibilidade do consumo irrestrito à noção de felicidade, do que um discurso triunfalista fundado em promessas de ascensão econômica e social. Diversificando sua oferta através do uso de elementos de outras religiões, a IURD atrai pessoas de outros credos promovendo, dessa forma, uma identificação mais rápida com seu sistema simbólico (Bonfatti,1999; Campos, 1999). E, finalmente, tudo elaborado sob uma concepção dualista, Deus e diabo em guerra constante, que fornece a objetivação do mal que, agora conhecido, pode ser derrotado.
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* Resumo de trabalho apresentado no XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Link para o artigo completo: http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307040879_ARQUIVO_IgrejaUniversaldoReinodeDeus-OimperativoParedeSofrecomofundamentodeumanovateodiceia.pdf