sábado, 7 de maio de 2011

Sobre a intolerância dos pseudocristãos



Infelizmente, os líderes de igrejas que mais têm espaço na mídia são justamente aqueles capazes de deixar qualquer cristão, com o mínimo de bom senso, terrivelmente constrangido. Como se não bastasse  serem representantes de um evangelho completamente conformado  à lógica do mercado, porta-vozes de um discurso triunfalista que manifesta  desejo de  poder e riqueza,  ainda reivindicam para si, cegados pela arrogância,  o direito de legislar sobre a vida daqueles que não compartilham  a mesma fé.  A oposição irracional à união civil homoafetiva é um exemplo claro dessa pretensão de arbitrar sobre a vida de todos os indivíduos.
A lógica é simples: o que é uma verdade irrefutável para mim, não é para o outro, então não posso exigir que ele viva conforme a minha crença, do mesmo modo que ele também não pode exigir que eu viva de acordo com o que ele acredita.  Em nenhum de seus ensinamentos, Cristo nos outorga autoridade para impor o seu Evangelho, ao contrário, seu exemplo sempre foi de tolerância. Nas únicas vezes que manifestou indignação, de forma enfática, os alvos foram aqueles que falavam em nome de Deus, seguiam todas as regras, mas eram incapazes de serem compassivos.  
            O Brasil não é menos cristão porque reconhecemos o direito dos indivíduos de fazer o que querem  com suas vidas pessoais. O Brasil se torna menos cristão quando compactuamos com as injustiças e desigualdades sociais, quando toleramos a corrupção,  a desonestidade,  permitimos a crueldade.  Há causas realmente significativas que precisam do nosso engajamento. Não devemos nos esquecer que são por nossas próprias escolhas e ações que seremos responsabilizados.