quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Gênese e Desenvolvimento do Protestantismo em Max Weber


A contribuição de M. Weber (2000) para compreendermos o surgimento e o avanço do protestantismo é imprescindível. Ainda que não tenha se proposto elaborar uma história desse fenômeno religioso, é ele que, ao desejar encontrar um exemplo histórico da existência de um vínculo entre o comportamento ético-religioso e transformações na esfera econômica, oferece-nos uma visão mais abrangente da religião protestante. O exemplo buscado, foi fornecido pela civilização ocidental com seu modo de produção capitalista e a orientação ética do protestantismo.
Nesse sentido, o desenvolvimento do Ocidente ocorreu com ajuda significativa de uma nova perspectiva difundida pela Reforma Protestante, sobretudo, na sua vertente calvinista, cujo corpo doutrinário exige uma mudança efetiva na vida do fiel que deve ser exteriorizada através do cumprimento zeloso da vocação para a qual cada um foi chamado, tendo em vista a salvação. O propósito único da vida é aumentar a glória de Deus aqui na terra, e isto deve ser feito individualmente. Aí percebemos uma ruptura com o cristianismo medieval onde o enfoque é colocado sobre a comunidade e não sobre o indivíduo. Isto fez com que a nova instância religiosa estivesse mais apta a atender as reivindicações de autonomia que surgem com o mundo moderno.
No pensamento weberiano, a esfera religiosa é essencial no processo de racionalização, explícita em alto grau no protestantismo. A afinidade com o capitalismo se dá precisamente por esta característica da ética protestante, em especial, a ética calvinista que com sua ascese intra-mundana desenvolve o senso do impessoal e do desapego ativo convergindo, assim, com a “impessoalidade da racionalidade cientifica e técnica” (Signore, 1993, p. 116) própria da modernidade. Por meio da investigação de Weber temos um panorama do ethos protestante e sua importância no estabelecimento e legitimação de uma nova ordem social. O sociólogo alemão procura mostrar como o sentido, encontrado por muitos na teodicéia calvinista, foi o responsável para que estes assumissem uma postura ético-moral que auxiliou na consolidação do modo de produção capitalista.



SIGNORE, Mario. Ética religiosa e racionalidade moderna. In: PENZO, Giorgio; GIBELLINI, Rosino (Orgs.) Deus na filosofia do Século XX. São Paulo: Loyola, 1998.
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. 15 ed. São Paulo: Pioneira, 2000

2 comentários:

Judô e Poesia disse...

Esta é uma bela monografia. Te visitarei mais vezes. Beijos. Domingos.

Káttia Mendes disse...

Tenho que fazer um semiário sobre Max Weber e esse foi o primeiro contato que tive com ele,acho que vou adorar conhece-lo.Um abraço!