domingo, 14 de dezembro de 2008

Gentileza: o Profeta Agradecido

Esta é uma das 56 colunas pintadas pelo Profeta no Viaduto do Caju, Rio de Janeiro. As colunas foram recuperadas através de um movimento organizado por um professor universitário e se tornaram patrimônio da cidade.


Este post é diferente daquilo que geralmente costumo colocar aqui. Não se trata de nenhuma reflexão sociológica ou resenha de algum livro. Quero compartilhar algo sobre uma pessoa cuja vida traduz bem aquilo que eu concebo como uma vida válida. Refiro-me a José Datrino, ou melhor, ao Profeta Gentileza, alcunha pela qual ficou conhecido na cidade do Rio de Janeiro. De fato, Gentileza era um profeta no sentido mais exato do que é proposto no Antigo de Testamento. A principal missão de um profeta não é prever o futuro, antes, é falar sobre o presente. O caracteriza a profecia israelita é, sobretudo, a denúncia. O Profeta do Rio de Janeiro fez exatamente isso. Encontrando nas palavras de Cristo o embasamento para sua pregação, proclamou o amor, a justiça social e uma existência pautada pela gratidão. Não propôs projetos mirabolantes que buscam transformar o mundo sem antes transformar as pessoas. Gentileza compreendia que só podemos realmente viver em um mundo melhor se tivermos cuidado com os semelhantes que estão ao nosso derredor. São nas relações de pessoa para pessoa, no cuidado com a natureza que nos cerca, que validamos nossa existência, contribuindo, desse modo, para elaborar uma nova definição do que é ser humano.



Gentileza - Marisa Monte

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca

Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza

Por isso eu pergunto
À você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria

O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o Profeta

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