Trazendo novamente para o centro do debate algumas questões trabalhadas
por Simmel em “A metrópole e a vida
mental”, Louis Wirth
propõe-se a analisar o fenômeno
urbano tendo em vista seus aspectos físicos e sociais. O autor inicia sua
análise afirmando que o surgimento das
grandes cidades é o marco mais significativo para delimitar o que seria
distintamente moderno na civilização ocidental.
Conforme Wirth, existe uma relação
imbricada entre a forma que as cidades
assumem e o conjunto de disposições mentais, sociais e culturais que os
citadinos desenvolvem. Assim, a cidade exerceria uma relevante
influência sobre os indivíduos,
tornando-se, de certa maneira, o centro de controle de suas vidas. Para explicar essa relação, o autor lança mão
do conceito de urbanismo, definindo-o como uma série de características que
compõem o modo de vida nas grandes cidades. A emergência desse novo modo de
vida não ocorreria a partir de uma
ruptura brusca com o modo de vida rural. Desse modo, ele opta por uma análise que
privilegia as continuidades entre as duas formas de organização social: campo e
cidade.
Vale ressaltar que a
“urbanidade”, desdobramento do conceito
de urbanismo, transcende a questão
territorial e de densidade demográfica. Wirth afirma que, na
contemporaneidade, a lógica urbana tomou conta de todos os espaços. Nesse
sentido, mesmo nas localidades rurais,
os padrões e valores tipicamente urbanos seriam preponderantes. Para
melhor compreensão, o autor procura mostrar que a definição sociológica do
conceito de cidade distingue-se daquela que é feita a partir do recenseamento e
cujo objetivo primordial é estabelecer
os limites formais para administração. Na definição sociológica, a principal característica da cidade seria a existência de uma localidade onde se concentre
de forma permanente um número relativamente grande de indivíduos socialmente heterogêneos.
É preciso salientar que, sob a perspectiva de Wirth, embora a urbanidade não se restrinja ao espaço físico e a densidade populacional, o grau em que ela se manifesta tende a ser maior nos lugares onde haja maior aglomeração de pessoas convivendo e maior heterogeneidade social, características essas que, por sua vez, aumentam as possibilidades de que ocorram tensões nervosas. É importante ressaltar também que a forma como os diferentes grupos sociais são distribuídos no espaço urbano não ocorre aleatoriamente, mas segue uma lógica urbana de classificação. Segundo o autor, as diferenças dão origem à segregação espacial com base na cor, etnia, na posição econômica e social e nos gostos e preferências. Ocorre também um enfraquecimento dos laços de parentesco, vizinhança e sentimentos que normalmente são compartilhados em comunidades mais tradicionais.
É preciso salientar que, sob a perspectiva de Wirth, embora a urbanidade não se restrinja ao espaço físico e a densidade populacional, o grau em que ela se manifesta tende a ser maior nos lugares onde haja maior aglomeração de pessoas convivendo e maior heterogeneidade social, características essas que, por sua vez, aumentam as possibilidades de que ocorram tensões nervosas. É importante ressaltar também que a forma como os diferentes grupos sociais são distribuídos no espaço urbano não ocorre aleatoriamente, mas segue uma lógica urbana de classificação. Segundo o autor, as diferenças dão origem à segregação espacial com base na cor, etnia, na posição econômica e social e nos gostos e preferências. Ocorre também um enfraquecimento dos laços de parentesco, vizinhança e sentimentos que normalmente são compartilhados em comunidades mais tradicionais.
Como Simmel, Wirth percebe a
cidade como locus da individualidade,
ela não só tolera, como também premia as diferenças. No entanto, isso tem seu lado
negativo. O autor aponta conseqüências aparentemente ruins
da vida urbana, tais como o distanciamento nos contatos sociais e a impessoalidade das relações. Ademais, a inexistência
de laços afetivos promoveria o espírito de competitividade e exploração recíprocas.
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WIRTH, Louis: O urbanismo como modo de vida. In Velho, Otávio (org.).O Fenômeno Urbano. 4ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1987