tag:blogger.com,1999:blog-21416499100547500442024-03-13T19:25:52.122-07:00Alma ProlixaEspaço para compartilhar artigos, resenhas e resumos sobre diversos temas no âmbito das Ciências Sociais, Teologia, Literatura e Arte. O propósito é, sobretudo, ser útil. Sou motivada também pela expectativa de receber contribuições de meus prováveis leitores, sejam eles visitantes regulares ou navegantes acidentais.Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.comBlogger51125tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-12301690775991257892013-07-18T12:24:00.004-07:002013-07-22T15:22:35.798-07:00Uma tipologia das cidades por Max Weber<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-ayxb0y2dr04/UehAI3NYxDI/AAAAAAAAAq0/7xUDO_uI_Sw/s1600/2570806973_3b9a150bae_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://4.bp.blogspot.com/-ayxb0y2dr04/UehAI3NYxDI/AAAAAAAAAq0/7xUDO_uI_Sw/s320/2570806973_3b9a150bae_o.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Com sua peculiar sistematicidade, Max Weber elabora, no âmbito da sua
sociologia da dominação, uma tipologia das cidades, procurando mostrar como o
desenvolvimento urbano no Ocidente moderno está intimamente vinculado à
emergência e consolidação do capitalismo e ocorre de forma distinta do que
aconteceu com as cidades orientais.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
A análise weberiana inicia com um esclarecimento acerca do conceito de
cidade e com uma categorização ideal-típica por meio de uma classificação funcional. Nesse sentido, cada cidade teria uma função
predominante que se sobrepõe a outras, conferindo-lhe uma identidade específica.
Sobre o conceito, Weber parte da definição básica de cidade como um
assentamento fechado com casas próximas umas das outras, cujos fundamentos
principais são a existência de uma sede senhorial-territorial como centro e o comércio constante de bens e serviços entre
seus habitantes, ou seja, a existência de um <i>mercado. </i></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Na tipologia de Weber, destacam-se a cidade principesca, cuja função primordial é a
de ser uma localidade administrativa, sede do governo, como são, por exemplo,
as capitais federais; a cidade de
consumidores, que não possui uma base
produtiva, como, por exemplo, aquelas localidades cuja parcela significativa de
moradores ainda não ingressou no mundo do trabalho, como estudantes, ou que já
saiu dele, como aposentados e pensionistas;
a cidade de produtores, caracterizada por suas indústrias, fábricas,
manufaturas, ou seja, um centro produtor
de diversos tipos de mercadorias; e, por fim,
a cidade mercantil, cuja função predominante é a negociação constante de
mercadorias, seja vendendo os produtos locais para estrangeiros ou vendendo
produtos estrangeiros no comércio local. Como a classificação weberiana parte
da formulação de tipos ideais, o autor explica que, empiricamente,
as cidades acumulam funções distintas.<br />
<span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> Segundo o autor, a particularidade do processo de formação das cidades
ocidentais na modernidade deve-se ao fato de que estas foram surgindo como
resultado de uma postura subversiva de uma classe social que estava se formando,
a burguesia. Assim, no princípio, trata-se de um modo de organização social
transgressor, portanto, não-legítimo, adquirindo legitimidade apenas
posteriormente com a aceitação tácita da nova ordem.</span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Além da não-legimitidade inicial, estas
cidades se constituem, conforme Weber, com uma organização
político-administrativa autônoma que possui sistemas legal e </span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">tributário próprios.</span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Ademais, sua força econômica é</span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">urbana, com mercados especializados, ou seja,
não tem mais como cerne a produção agrícola, embora esta ainda fosse
importante.</span><br />
<span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> Na concepção processual de Weber, a
gênese da moderna cidade ocidental encontra-se na cidade medieval. A lei da
propriedade de terra, que permite a negociação do solo, base do feudalismo, forneceu o
precedente necessário para a autonomia
territorial das cidades. Outro fator,
não menos importante, foi o
surgimento de um grupo de indivíduos
economicamente independentes, a pequena burguesia. Com o tempo esse novo grupo
se fortalece a ponto de conseguir usurpar o poder dos senhores feudais.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
_____________________________________</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">WEBER, Max. A dominação não-legítima
(Tipologia das cidades). In: <i>Economia e Sociedade. </i>Fundamentos da
sociologia compreensiva<i>. </i>Vol. II. Brasília: Ed Unb, 2004.</span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-55121579467493274952013-04-10T14:16:00.003-07:002013-07-18T12:26:05.641-07:00Sobre os condomínios fechados e a segregação urbana em Tereza Caldeira<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-srp0gG0JlNY/UWXWg6osjzI/AAAAAAAAApM/taaXG3YPGDw/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-srp0gG0JlNY/UWXWg6osjzI/AAAAAAAAApM/taaXG3YPGDw/s1600/images.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Teresa Caldeira mostra, tendo como caso representativo a cidade de São de
Paulo, como a segregação social é reafirmada e reproduzida por meio da
segregação espacial imposta às camadas mais baixas da população. Conforme classificação da autora, três tipos de segregação espacial emergiram no decorrer do século XX. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O primeiro tipo, que vigorou no começo do século, seria a segregação
derivada das formas de moradia. A <span class="apple-converted-space"> </span><span class="apple-style-span">ênfase foi posta na higienização da cidade, no controle da
população, tendo como pano de fundo a industrialização e, por conseguinte,
a proletarização. Tudo isso impulsionou
as transformações que resultaram no segundo tipo de segregação</span>,
cuja expressão é o modelo
centro/periferia que ganhou força nos anos de 1940 e vigorou
até a década de 80. Nessa fase havia,
entre outras coisas, a possibilidade de maior circulação territorial por meio da melhoria dos transportes públicos e a relativa
popularização dos automóveis. A conseqüência mais imediata foi uma maior
dispersão da população pelo espaço urbano e, sobretudo, o distanciamento
espacial das classes. O terceiro tipo diz
respeito à atual sobreposição centro-periferia por meio daquilo que Caldeira
denomina de “enclaves fortificados”. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
É
sobre o último tipo que autora se debruça, procurando evidenciar como a
construção de condomínios de luxo em lugares periféricos, antes habitados
apenas por pessoas menos favorecidas socialmente, gerou uma espécie de
paradoxo, pois, ao mesmo tempo em que permitiu uma aproximação espacial de diferentes classes,
tornou mais explícita a segregação, uma vez que a separação ganha contornos
concretos com os altos muros que são construídos e com toda parafernália
tecnológica que é utilizada para manter, sob o pretexto da necessidade de
segurança, os novos vizinhos fora do
alcance visual daqueles que estão em seus enclaves. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Conforme Caldeira, a construção desses enclaves fortificados contraria o
interesse da população em geral, já que produzem cidades fragmentadas que
limitam os princípios básicos da livre
circulação e do acesso aos espaços públicos que, por sua vez, formam a base
sobre a qual foram estruturadas as cidades modernas. Em síntese, seria um novo
modo de conferir distinção social às camadas médias e altas em detrimento da democratização do espaço urbano. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Para a sociedade brasileira, moradia e <i>status
quo</i> são coisas intimamente relacionadas. A habitação é uma forma de buscar e/ou
reafirmar a posição social, acentuando, dessa maneira, as diferenças de classes.
O modo como são feitos os anúncios publicitários ratificam essa afirmativa. Tais
anúncios põem em evidência um novo código de diferenciação social, além de
enfatizar o isolamento como algo desejável. O principal apelo vincula-se ao
aumento da violência urbana. A promessa subjacente é de que morar em um condomínio de luxo significa viver
com segurança. Mas não é só isso, outros
atrativos são apresentados. O lazer, a
proximidade com a natureza e a ordem também recebem ênfase. Privilégios que, segundo Caldeira, servem
mais para ostentação do que para o desfrute, visto que a utilização desses
serviços pelos moradores é escassa. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
De
acordo com a autora, embora os moradores
de condomínio, no Brasil, compartilhem um espaço, a convivência harmoniosa tem
como obstáculo a dificuldade cultural do brasileiro de reconhecer o limite
entre esfera individual e coletiva. Assim, as leis de convivência no interior
dos enclaves são recorrentemente desrespeitadas, gerando conflitos que, por seu
turno, devem ser resolvidos sem intervenções externas. Nesse sentido, a função
da polícia seria apenas a de manter afastadas as verdadeiras ameaças, ou seja,
aqueles que vivem do outro lado dos muros. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
A autora finaliza o capítulo
mostrando que a privatização do espaço público afeta a vida cotidiana, muda a paisagem e os hábitos
das pessoas e, fundamentalmente, é um obstáculo à democracia. <span class="apple-style-span">O planejamento estatal da vida
pública acentuou as desigualdades e
promoveu a segregação. Desse modo, o projeto modernista das cidades brasileiras,
que tinha como objetivo viabilizar o
aproveitamento por todos do espaço público, contraditoriamente, se tornou o ponto
de partida para a formação de novos enclaves fortificados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="apple-style-span"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="apple-style-span">_________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Segregação
urbana, enclaves fortificados e espaços públicos. In: <i>Cidade de Muros</i>: crime, segregação e cidadania <st1:personname productid="em S ̄o Paulo. S ̄o" w:st="on"><st1:personname productid="em S ̄o Paulo." w:st="on">em São Paulo.</st1:personname> São</st1:personname>
Paulo: 34/Edusp, pp. 211-342.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-35362529087809769002013-02-14T11:43:00.002-08:002019-03-15T06:28:14.877-07:00Silas Malafaia: autoritarismo, truculência e soberba em pretensa defesa do Evangelho<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-4eDw2qKV4QI/UR0-PAXL2qI/AAAAAAAAAm8/SYKE4Ur72d0/s1600/silas-malafaia-vitoria-em-cristo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="242" src="https://4.bp.blogspot.com/-4eDw2qKV4QI/UR0-PAXL2qI/AAAAAAAAAm8/SYKE4Ur72d0/s320/silas-malafaia-vitoria-em-cristo.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Poucas
entrevistas feitas pela apresentadora Marília Gabriela tiveram tanta
repercussão quanto a entrevista realizada com Silas Malafaia. Defensores e opositores expressaram seu apoio ou sua reprovação, usando especialmente as redes sociais. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As
reações às palavras do Pastor mostram que temos uma sociedade dividida, ainda
que de forma desigual, entre aqueles que avançam buscando compreender e se
adaptar a um mundo mais heterogêneo, e aqueles que fazem questão de cultivar,
por comodismo ou medo, uma fé cega, irracional e totalmente maniqueísta. É caso
do referido líder espiritual e seus seguidores. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Silas
Malafaia se autodenomina um defensor do Evangelho, no entanto, somente aqueles
que possuem um conhecimento bem ínfimo dos escritos bíblicos conseguem fazer
uma associação entre a truculência e a
soberba desse senhor com a bondade, a tolerância e a humildade que caracterizam
o ministério de Jesus mostrado nas narrativas dos quatro evangelistas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora,
se para os cristãos o sentido e a direção da fé são dados pela Bíblia, é a ela
que invoco para justificar minha indignação. Diferentemente da postura
autoritária assumida pelo Pastor, o que se aprende nas Escrituras é que a essência do Evangelho é a liberdade. Uma
passagem que ilustra bem essa afirmação é o relato do encontro de Jesus com a mulher samaritana (João
4:19-23). Ao ser questionado por ela sobre onde seria o verdadeiro lugar da
adoração, no templo ou no monte, Cristo
responde que em nenhum dos dois, mas em espírito e em verdade. O que ela desejava era uma resposta clara
acerca do modo correto de viver sua fé, o que recebeu foi a revelação de que a
partir daquele momento o lugar da adoração não é exterior a ela. Trata-se
de um novo paradigma para a vida
espiritual: passa-se da objetividade da Lei que é condenatória para a
subjetividade do Evangelho que é libertador.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Entretanto, a
liberdade não é apenas uma dádiva, é
também um peso porque traz como implicação
o fato de que , no fim das contas, cabe a cada um encontrar o melhor modo de lidar com uma existência
que é absolutamente contingencial. A capacidade de controlar o destino é apenas
relativa, isso gera insegurança. Assim sendo, não é difícil que alguém que
acene com a possibilidade de uma vida mais segura, um horizonte
mais definido, encontre adeptos. É bem mais fácil viver de acordo com
cartilhas, receitas e regras objetivas sobre o que se deve ou não fazer, sobre o que é
certo ou errado, ignorando as evidências
de que entre um e outro há muitas gradações e distintos pontos de vista. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dietrich
Bonhoeffer, teólogo luterano alemão,
compreendeu muito bem, não só por meio do conhecimento acadêmico, mas, também, por experiência pessoal, que a vida é tão complexa que é impossível enquadrá-la em prescrições, ainda que o número destas seja
infinito.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Como
teólogo, Bonhoeffer se posicionou contra
a religião que é conivente, seja por alienação ou postura política, com
sistemas injustos que perpetuam as
desigualdades sociais. No seu livro
“Resistência e Submissão”, afirma que em um mundo que se tornou adulto, ou seja,
guiado pela razão, o ser humano está
pronto para assumir sua autonomia. Em uma
carta enviada a seu amigo Eberhard Bethge, defende que Deus não deve
ser usado como um “tapa-buracos”, que
devíamos assumir nossa responsabilidade pela transformação do mundo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda
que os escritos consigam oferecer uma razoável noção acerca de suas ideias, é por
meio de sua biografia que o teólogo
alemão fala de forma mais eloquente, nos ensinando, sobretudo, que nos deparamos com circunstâncias em que não
podemos simplesmente escolher entre o bem e o mal. Não raras vezes, temos que decidir entre o mal e um mal que julgamos menor. Vivendo na Alemanha nazista, ciente das atrocidades cometidas por Hitler e
seus subalternos, Bonhoeffer se envolve
numa conspiração para assassinar o ditador. A lógica é simples: não é certo matar, mas é menos mal que um homem
insano e cruel morra do que permitir que
milhões sejam mortos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cito
Dietrich Bonhoeffer porque o vejo como a
antítese de Malafaia e seus discípulos que, ao contrário do teólogo luterano, não
se preocupam com causas realmente
significativas. Apontam dedos condenatórios exigindo que pessoas que não compartilham das mesmas crenças vivam de acordo
com seus preceitos. Ocupados com o cisco nos olhos dos outros são incapazes de
ver as traves que estão em seus próprios olhos. Assimilam o que há de
pior na sociedade: ganância, egoísmo, consumo desenfreado, vaidade sem limites.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha
esperança é que as escamas que provocam essa cegueira caiam e, quando isso acontecer, ao
invés de direcionar seus esforços para tentar normatizar o comportamento alheio
segundo suas próprias convicções, os cristãos tenham como empreitada fundamental a missão de melhorar a si mesmos e,
consequentemente, tornar o mundo um lugar com mais bondade, altruísmo e tolerância.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-72120443506141306882012-10-18T15:11:00.000-07:002016-03-02T07:41:14.388-08:00Sobre o urbanismo como modo de vida em Louis Wirth<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-EFcqDWJVJg8/UIB-XPFkdVI/AAAAAAAAAls/mE3lWKdyW4M/s1600/blog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="163" src="https://1.bp.blogspot.com/-EFcqDWJVJg8/UIB-XPFkdVI/AAAAAAAAAls/mE3lWKdyW4M/s320/blog.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Trazendo novamente para o centro do debate algumas questões trabalhadas
por Simmel em “A metrópole e a vida
mental”, Louis Wirth
propõe-se a analisar o fenômeno
urbano tendo em vista seus aspectos físicos e sociais. O autor inicia sua
análise afirmando que o surgimento das
grandes cidades é o marco mais significativo para delimitar o que seria
distintamente moderno na civilização ocidental.
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Conforme Wirth, existe uma relação
imbricada entre a forma que as cidades
assumem e o conjunto de disposições mentais, sociais e culturais que os
citadinos desenvolvem. Assim, a cidade exerceria uma relevante
influência sobre os indivíduos,
tornando-se, de certa maneira, o centro de controle de suas vidas. Para explicar essa relação, o autor lança mão
do conceito de urbanismo, definindo-o como uma série de características que
compõem o modo de vida nas grandes cidades. A emergência desse novo modo de
vida não ocorreria a partir de uma
ruptura brusca com o modo de vida rural. Desse modo, ele opta por uma análise que
privilegia as continuidades entre as duas formas de organização social: campo e
cidade. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Vale ressaltar que a
“urbanidade”, desdobramento do conceito
de urbanismo, transcende a questão
territorial e de densidade demográfica. Wirth afirma que, na
contemporaneidade, a lógica urbana tomou conta de todos os espaços. Nesse
sentido, mesmo nas localidades rurais,
os padrões e valores tipicamente urbanos seriam preponderantes. Para
melhor compreensão, o autor procura mostrar que a definição sociológica do
conceito de cidade distingue-se daquela que é feita a partir do recenseamento e
cujo objetivo primordial é estabelecer
os limites formais para administração. <span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">Na definição sociológica, a principal característica da cidade seria a existência de uma localidade onde se concentre
de forma permanente um número relativamente grande de indivíduos socialmente heterogêneos.</span><br />
<span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"> É preciso salientar que, sob a perspectiva de Wirth, embora a urbanidade não se restrinja ao espaço físico e a
densidade populacional, o grau em que ela se manifesta tende a ser maior nos
lugares onde haja maior aglomeração de pessoas convivendo e maior
heterogeneidade social, características essas que, por sua vez, aumentam as
possibilidades de que ocorram tensões nervosas. É importante ressaltar também que a forma como os diferentes grupos sociais são
distribuídos no espaço urbano não ocorre aleatoriamente, mas segue uma lógica
urbana de classificação. Segundo o autor, as diferenças dão origem à segregação
espacial com base na cor, etnia, na posição econômica e social e nos gostos e
preferências. Ocorre também um enfraquecimento dos laços de parentesco,
vizinhança e sentimentos que normalmente são compartilhados em comunidades mais
tradicionais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
Como Simmel, Wirth percebe a
cidade como <i>locus</i> da individualidade,
ela não só tolera, como também premia as diferenças. No entanto, isso tem seu lado
negativo. O autor aponta conseqüências aparentemente ruins
da vida urbana, tais como o distanciamento nos contatos sociais e a impessoalidade das relações. Ademais, a inexistência
de laços afetivos promoveria o espírito de competitividade e exploração recíprocas.<br />
<span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">____________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<strong style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-weight: normal;">W</span></strong><strong style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-weight: normal;">IRTH, Louis: O urbanismo como modo de vida. In Velho, Otávio (org.).<i>O Fenômeno Urbano</i>. </span></strong><span style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">4ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1987</span></div>
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-25485554154544719492012-05-20T10:18:00.004-07:002012-05-20T10:25:42.542-07:00Movimento neopentecostal e neoesoterismo: um enfoque sob o paradigma da orientalização do Ocidente*<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/-qLJAZNbf5Kw/T7kmsfm8XUI/AAAAAAAAAiQ/T8prN3NF4d8/s1600/slide-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="http://4.bp.blogspot.com/-qLJAZNbf5Kw/T7kmsfm8XUI/AAAAAAAAAiQ/T8prN3NF4d8/s320/slide-1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
O neopentecostalismo, com sua ressignificação dos conteúdos da fé
cristã, é apontado por estudiosos<sup> </sup>(<span style="font-variant: small-caps;">Freston,
1994; Velho, 1997; Sanchis</span>, 1997) como o fenômeno que mais tem
contribuído para a reconfiguração do campo religioso brasileiro. Para explicar
o avanço das igrejas neopentecostais, pesquisadores ressaltam alguns aspectos
que fazem com que esse movimento seja tão atrativo na disputa por consumidores
de bens e serviços religiosos. Entre esses aspectos estão: a adequação de seus
conteúdos à lógica do mercado, o utilitarismo, que conferiria a essas igrejas
características das religiões de magia, e a espetacularização dos cultos (<span style="font-variant: small-caps;">Mariano, 1995; Prandi, 1997</span>; <span style="font-variant: small-caps;">Campos</span>, 1997). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
Todos esses
aspectos são facilmente observados em um trabalho de campo, entretanto, acredita-se
que eles resultam, particularmente, da mudança, enunciada por Campbell (1997),
que ocorre na própria essência da teodiceia cristã, como consequência de um processo
de orientalização do Ocidente. Nesse sentido, o neopentecostalismo se afasta da
ortodoxia cristã tradicional e assimila conteúdos das tradições religiosas do
Oriente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
A Confissão
Positiva e seus desdobramentos seriam os sinais mais explícitos dessa transformação
que Fonseca (1998, p. 7) chama de “Nova Era Evangélica”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
Ao se afastar da
ortodoxia do protestantismo dos reformadores, o neopentecostalismo segue a
tendência de uma vivência religiosa que, segundo Simmel (1997), é mais
convergente com o processo de individualização desencadeado pelas
transformações que dão o contorno do mundo moderno. Considerando que a
individualização traduz-se, entre outras coisas, em autonomia e emancipação, é
de se esperar que a vivência religiosa pautada pela crença <st1:personname productid="em um Deus" w:st="on">em um Deus</st1:personname> transcendente e
soberano, cuja vontade se sobrepõe a todas as outras, perca espaço para uma
concepção de divindade que não ameaça a posição de centralidade conquistada
pelo ser humano, agora sujeito de si e da história. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
Se a emergência do
movimento neopentecostal evidencia uma tendência religiosa antropocêntrica, em
contraposição ao teocentrismo do cristianismo tradicional, a chegada e o avanço
de religiosidades de cunho oriental confirmariam tal tendência. Embora pareçam
incipientes no <i>ranking</i> das religiões
fornecido pelo IBGE, Deis Siqueira (2003) argumenta que essas religiosidades,
cuja expressão mais popular é o multifacetado movimento <i>New Age<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Windows%20Xp/Desktop/Artigo%20com%20corre%C3%A7%C3%B5es%20-%2019-03.doc#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></b></span></span></a></i>,
vêm obtendo êxito significativo no campo religioso brasileiro, sinalizando que
o Brasil não passou incólume pela onda de orientalização religiosa verificada
primeiramente em países da Europa. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoBodyText2" style="line-height: 150%; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt; line-height: 150%;"> </span>Portanto, tendo como
ponto de partida a tese de Campbell (1997) de que o Ocidente está sendo orientalizado,
o objetivo aqui é apresentar indicativos de que o neopentecostalismo e as
religiosidades de cunho oriental, doravante denominadas também de neoesotéricas<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Windows%20Xp/Desktop/Artigo%20com%20corre%C3%A7%C3%B5es%20-%2019-03.doc#_ftn2" name="_ftnref2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a><sup>,
</sup>possuem similaridades que evidenciam que ambos estão em total
conformidade com as demandas existenciais típicas da sociedade contemporânea;
daí o êxito na disputa por consumidores de bens de salvação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-right: -1.05pt; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
Como
casos representativos das vertentes citadas, privilegia-se como <i>lócus</i> do trabalho de campo a Igreja
Universal do Reino de Deus (<span style="font-variant: small-caps;">Iurd</span>)
e a instituição religiosa <i>Perfect Liberty</i>
(PL). A opção pela <span style="font-variant: small-caps;">Iurd</span> foi
determinada não apenas por ser a denominação neopentecostal que mais cresce, mas
também porque possui algumas especificidades que a tornam bastante
representativa do gênero. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-right: -1.05pt; tab-stops: 42.55pt; text-align: justify;">
Entre
tais especificidades, chama a atenção o sincretismo evidenciado por meio da
apropriação e ressignificação de elementos simbólicos de outras religiões e de
superstições populares. <o:p></o:p></div>
<div>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoBodyText2" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Windows%20Xp/Desktop/Artigo%20com%20corre%C3%A7%C3%B5es%20-%2019-03.doc#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[1]</span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> Magnani (1999, p. 10) afirma ainda que o movimento <i>New Age</i>, que ele prefere denominar como
movimentos neoesotéricos, compreende orientações religiosas não oriundas apenas
de tradições orientais, mas também do “encontro da ciência contemporânea e
antigas cosmologias, das tradições indígenas e novas propostas ecológicas”.</span><o:p></o:p></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoBodyText2" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Documents%20and%20Settings/Windows%20Xp/Desktop/Artigo%20com%20corre%C3%A7%C3%B5es%20-%2019-03.doc#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt;">[2]</span></span></span></a><span style="font-size: 10pt;"> Utiliza-se aqui a terminologia que se considera mais
adequada. Existe uma grande variedade de conceitos para se referir ao mesmo
fenômeno social. Magnani (1999) opta por “neoesoterismo” para aludir às
religiosidades heterodoxas que, entre outras influências, sustentam-se nas
cosmologias orientais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">______________________________________________________________________________________</span></div>
<div class="MsoBodyText2" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 10pt;">*O texto acima é apenas a parte introdutória. Para ler o artigo completo, acessar </span><a href="http://www.fflch.usp.br/ds/plural/ed_18_2.html" style="text-align: left;">http://www.fflch.usp.br/ds/plural/ed_18_2.html</a></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-82518133157584039102012-02-16T16:19:00.004-08:002018-11-01T19:43:43.867-07:00A arte como salvação: sobre a literatura<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-FNKhr3G9i7g/Tz2dD5_BxaI/AAAAAAAAAc8/8140jpyxG08/s1600/literatura.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://3.bp.blogspot.com/-FNKhr3G9i7g/Tz2dD5_BxaI/AAAAAAAAAc8/8140jpyxG08/s320/literatura.jpg" width="255" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Max Weber, em
sua análise sobre a esfera estética, mostra como esta emerge tutelada pela religião, expressando-se de forma primordial por meio
da arte sacra. No entanto, com o processo de modernização, a religião, que
outrora regia todos os âmbitos da vida, perde força, passando a operar apenas num domínio específico,
ocorrendo o que Weber denomina de autonomização das esferas. Desse modo, a arte
começa a se desenvolver de forma independente. Se antes ela servia ao
propósito único de ligar terra e céu, com o objetivo final de auxiliar na
salvação das almas, no mundo moderno, ela adquire um fim em si mesma,
transformando-se em outra forma de salvação, exclusivamente terrena. Assim, se
em princípio era utilizada pela Igreja como instrumento de propagação dos seus
ensinamentos, com a modernidade, começa
a ser percebida e tratada como concorrente pela instituição religiosa. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A análise de Weber levou-me a refletir sobre a importância da arte na minha vida. Considero que, de fato, ela tem
impacto salvífico, não antagônico à religiosidade, mas complementar. Embora esteja socialmente numa esfera distinta da
religião, é essencialmente
espiritual. Isto porque nos eleva, nos dignifica e é capaz de por em
evidência aquilo que temos de melhor, seja na sua produção, no caso dos
artistas, ou na sua interpretação, no caso dos consumidores. Não sou artista e nem <i>expert,</i> portanto, minha fala
é sob a perspectiva daqueles que apreciam e sofrem sua influência.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Dentre todas as formas de expressão
artística, acredito que a literatura é que mais influenciou na formação da minha personalidade. Fui alfabetizada aos oito anos de idade. A
palavra escrita fez com que uma nova realidade
se abrisse para mim. A primeira
transformação, e talvez a mais importante, foi me colocar a par da existência e
da importância das outras pessoas. Eu que era uma criança absolutamente ensimesmada, aprendi o que é empatia: o outro
não é qualquer um, é aquele que tem uma história que pode ser mais difícil e
mais dolorosa que a minha. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Outra mudança que a literatura provocou foi o fato de ter acendido em mim
um desejo de conhecimento que não
esmorece. Confesso que isso tem alguns aspectos negativos. Entre eles, uma incômoda
lucidez. É menos perturbador ser alienado, acreditar naquilo em
que a maioria acredita, buscar satisfação em coisas mais simples. Numa
vida assim, as escolhas são mais fáceis
e os medos não assombram tanto. Por outro lado, o conhecimento traz como recompensa a possibilidade de uma vida mais
plena. É importante frisar que não falo de um conhecimento específico, mas de
uma série de informações, sensações e experiências que abrem nossas mentes, que
nos fazem enxergar o mundo sem escamas nos olhos ou, pelo menos, de forma mais
clara e, consequentemente, menos preconceituosa. É através do conhecimento também
que educamos nossos sentidos. Uma bela obra
de arte precisa de olhos competentes, uma boa música de ouvidos sensíveis e uma boa comida de um paladar que saiba apreciá-la.
Não são coisas fundamentais, mas, com certeza, nos dão uma dimensão mais
precisa daquilo que o ser humano é capaz de realizar, além de proporcionarem
momentos muito prazerosos. </div>
<div style="border-bottom: solid windowtext 1.5pt; border: none; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="border: none; line-height: 150%; mso-border-bottom-alt: solid windowtext 1.5pt; mso-padding-alt: 0cm 0cm 1.0pt 0cm; padding: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Por fim, a literatura sempre me serviu de
companhia e, mais que isso, me ensinou a fazer companhia a mim mesma. Como bem
disse Saramago em <i>O ano da morte de Ricardo
Reis, </i>“A solidão não é viver só, é não
sermos capazes de fazer companhia a alguém ou alguma coisa que está dentro de nós”.
Isso é importante porque determina a
qualidade das nossas relações. Estar com
alguém é muito bom, mas não devemos ficar com uma pessoa por medo da solidão. Nada se compara à sensação de conversar com alguém com quem nos
identificamos: compartilhar gostos, percepções e valores, ou mesmo com alguém que seja diferente, mas que nos acrescenta
algo, nos enriquece. Quando isso não é possível, os personagens dos livros estão lá, com suas dores,
arrependimentos, desejos, medos, virtudes e defeitos, nos servindo de espelho. Mesmo que sejam
aparentemente bem distintos de nós, há sempre um reconhecimento. Através dos livros aprendemos que nunca estamos sós, mas é preciso que haja entrega e sensibilidade para desfrutar de tão preciosa companhia<br />
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<em><b><span style="background-color: black; color: #b6d7a8; font-style: normal;">Bibliografia: <o:p></o:p></span></b></em><br />
<b><span style="color: #b6d7a8;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<span style="background-color: black; color: #b6d7a8;"><em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; font-style: normal;">WEBER, Max. Rejeições religiosas do mundo e suas direções
[1915]. In: </span><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial;">Ensaios de Sociologia</span></em><em><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; font-style: normal;"> (H.H.
Gerth e C. Wright Mills org.). Rio de Janeiro : Guanabara, 1979.<o:p></o:p></span></em></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-59862547401049335682012-01-02T13:09:00.000-08:002012-01-30T08:06:08.037-08:00Sobre a internet e o que há de melhor e pior em nós<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-C5Iiglw3Xtg/TwIc_Nw7ggI/AAAAAAAAAb0/MARuTMbqEqw/s1600/TROLLS-ataques-e-baixaria-na-internet.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="http://3.bp.blogspot.com/-C5Iiglw3Xtg/TwIc_Nw7ggI/AAAAAAAAAb0/MARuTMbqEqw/s320/TROLLS-ataques-e-baixaria-na-internet.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
A internet é
um território habitado por seres de variados tipos. Embora todos,
aparentemente, pertençam a uma única espécie,
a humana, seus gostos, o modo como se
comportam, o que compartilham, os nichos nos quais se inserem, são evidências
incontestáveis dessa heterogeneidade. Não há como negar, pelo menos por aqueles
que estão conectados, que é um espaço democrático. Tão democrático que
comporta, e suporta, posições radicais, tiranias
e fundamentalismos, do mesmo modo que difunde ideais de paz, amor e tolerância. Em 2011, ela teve um papel
realmente significativo. Foi o principal veículo de denúncias e, o mais
importante, uma parcela relevante da população não ficou passiva diante delas.
Usando particularmente as redes sociais, mobilizou-se contra a corrupção,
contra o sistema econômico injusto, em defesa dos animais, da liberdade e de
uma série de outras causas importantes. Revoluções foram feitas, líderes caíram
e instaurou-se um clima de expectativa em relação ao que está por vir.</div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
Apesar de
considerar o saldo positivo, é preciso
levar em conta também os aspectos negativos. O fato de ser um território
relativamente livre, dá margem para que não poucas pessoas exponham também seus
sentimentos mais mesquinhos, seus anseios fúteis, sua superficialidade e,
principalmente, uma animosidade gratuita. Todos se tornam vítimas da “trollação”.
São críticas sem fundamento, cujo único objetivo é deixar mal aqueles a quem são direcionadas, numa tentativa constante de se sentir superior diante dos supostos defeitos ou
fraquezas alheias. Assim, magros e “sarados”
reivindicam sua supremacia detonando
todos que não se encaixam neste padrão. Os jovens vilipendiam a maturidade dos
mais velhos. Os que se julgam inteligentes, por ter um curso superior, humilham
aqueles que ignoram as regras da gramática.
As celebridades desmistificadas também “trollam” e são “trolladas”. O caso
de Ed Motta no facebook é emblemático. Ficou mais que claro seu preconceito de
origem e social, e sua tendência misógina no comentário que fez sobre Paula
Toller. Segundo ele, ela não tem talento, mas é bonita. Em outras palavras,
isso a torna suportável. </div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: justify;">
Confesso que,
diante disso, sinto alguns temores. Visito blogs, sites de notícias e participo
de redes sociais. A impressão que tenho é
que essas pessoas amarguradas, vazias, mal-intencionadas e intolerantes são
onipresentes. Não acredito que sejam a maioria, mas penso que fazem mais
barulho. Não se intimidam perante nada. Meu maior receio é que, pela
insistência, consigam inculcar em nós o
cinismo, no sentido contemporâneo do conceito, não no sentido filosófico. Ou
seja, que acreditemos que as coisas são assim porque são e não adianta fazer
nada. Isso, definitivamente, não é
verdade. Precisamos continuar defendendo causas justas, sem agressividade, sem
desrespeito, mas com muita tenacidade. Ainda
que pareça uma visão maniqueísta, devo esclarecer que não é. Tenho ciência de
que o mesmo que incorpora a personalidade de “troll” na net, pode ser, longe do teclado, o bom vizinho, o bom amigo, o bom filho. O que não
podemos é deixar que, por meio da rede, o pior que há em nós leve vantagem e
nos domine. Até mesmo neste universo de
avatares, o bem-estar de cada um está
intimamente ligado ao bem-estar do outro. E vale sempre lembrar que o limite das grandes revoluções que visam
melhorar o mundo é dado pela nossa indisposição de melhorarmos a nós mesmos. </div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-46318131248406344612011-11-24T06:25:00.000-08:002012-01-03T07:21:22.128-08:00*Igreja Universal do Reino de Deus: o imperativo “Pare de sofrer” como fundamento de uma nova teodicéia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-MjUD-1_CbnQ/Ts5Tl6HZe3I/AAAAAAAAAaE/R4Zwo3--UaA/s1600/PareSofrer.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="210" src="http://3.bp.blogspot.com/-MjUD-1_CbnQ/Ts5Tl6HZe3I/AAAAAAAAAaE/R4Zwo3--UaA/s320/PareSofrer.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: xx-small;"> (Imgem: </span><a href="http://www.marciodesouza.com/">http://www.marciodesouza.com</a>)<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
“Pare de Sofrer”, <i>slogan</i>
amplamente difundindo pela Igreja Universal põe em evidência o fundamento sobre
o qual está estabelecido todo seu conteúdo doutrinário e, consequentemente, o
meio pelo qual concorre no mercado religioso pelo “monopólio da gestão dos bens
de salvação e do exercício legítimo do poder religioso” (Bourdieu, 2005, p.
57). O propósito deste trabalho é
mostrar que a força do discurso iurdiano
está na reiteração constante da
possibilidade de uma existência terrena livre de qualquer angústia,
pondo em evidência, por conseguinte, a
proposta de uma nova teodicéia, na qual o sofrimento deixa de ser uma realidade inevitável.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Para tentar fundamentar biblicamente os ensinamentos, torna-se necessária
uma forma de interpretar as Escrituras distinta daquela feita pelo cristianismo
tradicional. É o que explica Mariano (1996) ao afirmar que “era preciso
substituir suas concepções teológicas que diziam que os verdadeiros cristãos
seriam, se não materialmente pobres, radicalmente desinteressados de coisas e valores
terrenos” ( p.27). A demonização da
pobreza é o melhor exemplo dessas novas concepções teológicas. O pobre não é
mais o “bem-aventurado”, mas, ao contrário, é aquele que se encontra sob
maldição, daí a necessidade primordial que tem de ser liberto.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Toda a construção do universo simbólico iurdiano evidencia uma luta
aguerrida, cujo objetivo não é nada menos do que a hegemonia no mercado religioso.
Para isto, lança mão de diversas estratégias.
Seu ponto de partida é a teologia da prosperidade. Não há nada mais
atrativo para uma sociedade, que alia a possibilidade do consumo irrestrito à
noção de felicidade, do que um discurso triunfalista fundado em promessas de
ascensão econômica e social. Diversificando sua oferta através do uso de
elementos de outras religiões, a IURD atrai pessoas de outros credos promovendo,
dessa forma, uma identificação mais rápida com seu sistema simbólico (Bonfatti,1999;
Campos, 1999). E, finalmente, tudo elaborado sob uma concepção dualista, Deus e
diabo em guerra constante, que fornece a objetivação do mal que, agora
conhecido, pode ser derrotado.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
_______________________</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
* Resumo de trabalho apresentado no XI Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais. Link para o artigo completo: <a href="http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307040879_ARQUIVO_IgrejaUniversaldoReinodeDeus-OimperativoParedeSofrecomofundamentodeumanovateodiceia.pdf" style="line-height: normal; text-align: left; text-indent: 0px;">http://www.xiconlab.eventos.dype.com.br/resources/anais/3/1307040879_ARQUIVO_IgrejaUniversaldoReinodeDeus-OimperativoParedeSofrecomofundamentodeumanovateodiceia.pdf</a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-25080806963101238422011-10-07T12:18:00.001-07:002013-01-18T14:10:06.791-08:00A atual onda de protestos como consequência previsível da sociedade de risco<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-G06MtNcCpWM/To9Qf5BYxSI/AAAAAAAAAXg/2hCuNADPDyM/s1600/protestos+na+gr%25C3%25A9cia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-G06MtNcCpWM/To9Qf5BYxSI/AAAAAAAAAXg/2hCuNADPDyM/s1600/protestos+na+gr%25C3%25A9cia.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É provável que
só tenhamos uma ideia mais precisa acerca do efervescente momento histórico que estamos vivendo daqui a alguns anos. No entanto, não é necessário
esperar para saber que não passaremos
incólumes por ele. E é bom que não passemos,
afinal, as pessoas gritam por mudanças, exigem uma nova ordem, na qual, o
futuro não se apresente como uma ameaça. Mais do que qualquer coisa, o que desejam, especialmente os jovens, são boas perspectivas, fazer planos e
acreditar na possibilidade de sua concretização.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Desse modo,
a onda de protestos que ocorre no mundo é uma reação, relativamente
esperada, diante de uma sociedade global
mergulhada na incerteza. Não por acaso,
já que as crises das quais somos vítimas, crise do capitalismo, crise política,
crise ambiental e outras, são conseqüências
indesejadas, mas não imprevisíveis das
escolhas que governos e indivíduos compartilharam no decorrer do processo de
modernização. Poderíamos simplesmente culpar os líderes mundiais, e talvez eles
sejam mesmo os principais responsáveis, todavia, sem o nosso consentimento e, muitas vezes,
apoio efetivo, eles não
conseguiriam transformar a humanidade em
refém dos riscos que foram produzidos em
nome do progresso. Como afirma Ulrich Beck (1997), nós criamos a
sociedade de risco.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O sociólogo
explica que o processo de modernização pode ser percebido em duas fases. A primeira
seria o estágio do desenvolvimento industrial e caracteriza-se pela prevalência da perspectiva dos
benefícios do progresso. Os males eram percebidos como residuais e, por conseguinte, menosprezados. Todavia, na análise de Beck, os
resultados indesejados do desenvolvimento traçaram o contorno da segunda fase
da modernização. Assim, ele afirma que,</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 11pt;">[...] uma situação completamente diferente surge
quando os perigos da sociedade industrial começam a dominar os debates e
conflitos públicos, tanto políticos como privados. Nesse caso, as instituições
da sociedade industrial tornam-se os produtores e legitimadores das ameaças que
não conseguem controlar (1997:15-16).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A insegurança,
com a qual convivemos há algum tempo,
cresce. As ameaças, cada vez mais, tornam-se reais. Poderíamos argumentar que
tudo que ocorre sempre existiu, fome, guerras, tragédias ambientais. É verdade,
mas o que diferencia a atual situação é que há uma tendência mais geral de empobrecimento.
As vítimas não são mais apenas os países subdesenvolvidos e emergentes. Os países
ricos, que sempre se pautaram pela esperança tola no crescimento infinito do mercado,
percebem agora que, apesar dos indivíduos serem continuamente estimulados a consumir,
a capacidade de consumo, mesmo por meio de endividamento, é menor do que a ganância
capitalista que produz mais e mais. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ainda é cedo
para dizer que está se cumprindo o prognóstico marxiano de colapso do
capitalismo. Afinal, foram muitas crises
e o sistema sempre mostrou uma capacidade impressionante de recuperação e re-ordenamento,
sem, contudo, mudar suas bases estruturais. Entretanto, a
tomada de consciência da população mundial, evidenciada nos protestos, sinaliza
que ela não está mais disposta a aceitar passivamente a tirania que pode se manifestar, explicitamente,
em governos totalitaristas ou, de forma dissimulada, por meio de sistemas sociais injustos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
_________________</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">BECK, Ulrich. A reinvenção da política: rumo a uma
teoria da modernização reflexiva In: <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;"><span lang="EN-US">GIDDENS, A.; BECK, U.; LASH,
S. </span><i>Modernização Reflexiva</i>. Tradução de Magda Lopes. 2<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: x-small;">reimpressão.
São Paulo: Editora Unesp, 1997. p. 11-71.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 11pt;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-17166792361878211492011-09-28T16:55:00.000-07:002013-04-09T10:19:57.052-07:00Gisele Bündchen: a mulher-objeto e a limitada formação crítica dos brasileiros<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-5_VbB8uAn5s/ToOz7euynyI/AAAAAAAAAWU/yIS2MeEfSlU/s1600/hopa-ensina-418x215.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="164" src="http://1.bp.blogspot.com/-5_VbB8uAn5s/ToOz7euynyI/AAAAAAAAAWU/yIS2MeEfSlU/s320/hopa-ensina-418x215.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A campanha da
Hope (marca de lingerie), estrelada pela <i>Top Model</i> Gisele Bündchen, tem sido alvo de diversos protestos. Não sem
razão, já que os comerciais reproduzem
antigos estereótipos que pessoas mais esclarecidas, independente de gênero,
lutam há tempos para derrubar. Neles, a
mulher <b>brasileira</b> é apresentada como
um ser dotado de natural sensualidade e é incentivada a utilizar essa arma para
resolver situações problemáticas com o esposo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Qualquer
pessoa que tenha senso crítico um pouco mais aguçado poderá perceber que, do
início ao fim, os comerciais reforçam a ideia de que a mulher não é só sensual, ela é também péssima
motorista, financeiramente dependente do marido e limitada na sua capacidade
argumentativa, daí basta tirar a roupa e todos seus problemas serão resolvidos. Mais uma vez, a brasileira, especificamente, é revestida de uma imagem altamente
sexualizada. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não sou da patrulha
do politicamente correto, penso até que existe um certo exagero, também não sou feminista militante. As causas
que me movem são aquelas em favor da dignidade humana, portanto, sempre me
colocarei em defesa dos grupos que sofrem qualquer tipo de opressão. Por isso, me senti impelida a escrever este <i>post</i>, sobretudo depois de ler comentários
de leitores no UOL sobre a notícia de que o governo pediu a suspensão das
propagandas. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A maioria
absoluta se posicionou contra o governo e a favor de que os comerciais
continuem sendo veiculados. Todos têm direito de manifestar suas opiniões e
devem ser respeitados, no entanto, é difícil
não ficar frustrada diante dos argumentos usados. Entre os mais recorrentes está dizer que as mulheres que
protestam são feias, invejosas, encalhadas, mal-amadas e uma série de outros
adjetivos semelhantes. Diante de argumentos tão boçais que põem em evidência o
atraso intelectual do povo brasileiro, é
difícil, como educadora, não ficar frustrada. Mais grave ainda é ver que as mulheres, de
modo geral, aprovam a campanha por achar que se trata de elogio, não conseguem
perceber a discriminação e o sexismo
explícitos, sim, porque o que passam não é uma mensagem tácita ou subliminar. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A conclusão
que podemos tirar disso é que o Brasil ainda não conseguiu oferecer formação
suficiente para que as pessoas desenvolvam algum nível de capacidade crítico-reflexiva. Só depois que os indivíduos estiverem
devidamente esclarecidos é que podem escolher, com mais legitimidade, como vão se
posicionar. No caso das
mulheres, particularmente, elas podem até optar por serem tratadas como objetos, mas não sem
antes saber que há outras escolhas possíveis. </div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-6744559147524643852011-08-25T15:57:00.000-07:002012-01-03T07:25:11.830-08:00Sobre a picaretagem acadêmica dos pseudo-intelectuais<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Desde que abri
este blog, em agosto de 2008, ele só me trouxe coisas positivas. Por meio deste
espaço pude compartilhar ideias, pensamentos, meu modo de ver a sociedade e
alguns textos resultantes do meu esforço acadêmico em busca de maturidade
intelectual. O <i>feedback</i> que recebo de
alguns leitores serve de estímulo para continuar. Embora não tenha a disponibilidade de tempo que
gostaria para atualizá-lo com mais freqüência, estabeleci um compromisso comigo mesma de mantê-lo
porque acredito que o conhecimento deve ser sempre socializado. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entretanto,
no dia 24/08/2011, pela primeira vez
tive vontade de romper com meu propósito. Uma pessoa, que não quis se
identificar, postou um comentário sobre o meu texto “Sociedade contemporânea:
medo, individualização e a possibilidade de uma práxis comunicativa” me
acusando de ter copiado o artigo sem dar os devidos créditos. Não podem imaginar a raiva e a frustração que
senti na hora. Apesar de todas as dificuldades e desafios que uma vida acadêmica exige, sempre fiz
questão de manter minha integridade, mas, infelizmente, por experiência própria
descobri que nem todos conseguem. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Logo
após ler o comentário, ciente que alguém
havia se apropriado indevidamente do meu texto, iniciei uma pesquisa na <i>web</i>. Qual não foi minha surpresa ao
descobrir um artigo que trazia partes exatamente iguais à minha publicação. De imediato escrevi para os “autores”
demonstrando minha indignação. Como se não bastasse também utilizaram parte do
mesmo texto em outro artigo para o Congresso da ALAS (Associação Latino-Americana de
Sociologia) que ocorrerá na cidade de Recife este ano. Com receio de que este não fosse um caso
isolado, resolvi investigar se outros <i>posts</i>
meus foram utilizados indevidamente. Fiquei
surpresa a ver que além do texto citado, outros três foram publicados em blogs
como se fossem de autoria daqueles que os copiaram. É muito fácil comprovar a
verdadeira autoria, já que todos foram postados aqui com datas bem anteriores.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Considero
que o primeiro caso é o mais grave por dois motivos: primeiro porque os
plagiadores são acadêmicos, o que lhes confere certa legitimidade, e segundo porque publicaram em revista acadêmica.
Segue abaixo os <i>links </i> das páginas onde
postaram meus textos: <a href="http://www.abraec.org/coniec/pdf/9.pdf">http://www.abraec.org/coniec/pdf/9.pdf</a> O terceiro parágrafo da página 4, o segundo e o
terceiro da página 5 e toda a discussão sobre Habermas a partir do terceiro parágrafo
da página 9 são reproduções exatas do meu trabalho. Até mesmo as vírgulas que
coloquei equivocadamente não foram corrigidas. Essa parte sobre Habermas também foi
reproduzida neste artigo <a href="http://www.sistemasmart.com.br/alas/arquivos/9_8_2011_13_12_12.pdf">http://www.sistemasmart.com.br/alas/arquivos/9_8_2011_13_12_12.pdf</a>
a partir da página 9.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além desse
texto, os outros três que foram apropriados de forma indevida são: “Sobre o
poder simbólico <st1:personname productid="em Pierre Bourdieu" w:st="on">em
Pierre Bourdieu</st1:personname> ”, o link do blog que o publicou é este <a href="http://marceloevelin.wordpress.com/2010/08/20/sobre-poder-simbolico/#comment-114">http://marceloevelin.wordpress.com/2010/08/20/sobre-poder-simbolico/#comment-114</a>,
“Uma aprendizagem <st1:personname productid="em Clarice Lispector" w:st="on">em Clarice Lispector</st1:personname>”,
a pessoa que o plagiou que atende pelo pseudônimo de
Senhorita Baunilha, teve o trabalho apenas de mudar o título, segue o link: <a href="http://srta-baunilha.blogspot.com/2010/02/meu-fascinio-por-clarice-lispector_23.html?showComment=1314243315596#c7117759005895443560">http://srta-baunilha.blogspot.com/2010/02/meu-fascinio-por-clarice-lispector_23.html?showComment=1314243315596#c7117759005895443560</a>,
e, por fim, o texto “Sobre a teoria da estruturação de<st1:personname productid="em Anthony Giddens" w:st="on"> Anthony Giddens</st1:personname>”
que foi publicado neste site: <a href="http://pt.scribd.com/doc/52211954/Sociologia">http://pt.scribd.com/doc/52211954/Sociologia</a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quero deixar
claro que não me importo que usem meus textos, afinal, a partir do momento que
eu os torno disponíveis na net é para que todos tenham acesso a eles. Só que
por uma questão de honestidade intelectual é preciso que os devidos créditos
sejam dados. Apesar da angústia que ainda estou sentindo, pretendo continuar
com o blog. Apenas desistirei dele quando os leitores desistirem de mim. Jamais
passou pela minha cabeça que um dia usaria este espaço para escrever algo assim,
mas acredito que não podemos ficar passivos diante de situações como essa. No
mais, agradeço a todos que vêm aqui com objetivos distintos dessas pessoas que
denunciei. </div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-42899949347675566882011-07-22T10:16:00.001-07:002019-03-15T06:27:47.363-07:00Sobre a metrópole e suas consequências para a vida mental em Georg Simmel<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-vRoOB6Meb18/TimwZXraxxI/AAAAAAAAAWI/ozwjWJDezcc/s1600/solid%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://2.bp.blogspot.com/-vRoOB6Meb18/TimwZXraxxI/AAAAAAAAAWI/ozwjWJDezcc/s1600/solid%25C3%25A3o.jpg" /></a></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Segundo Simmel, as maiores dificuldades da vida moderna resultam das
tensões existentes entre o indivíduo,
com sua vontade de autonomia e emancipação, e a força dos poderes supremos da sociedade
com suas instituições, cuja função primordial é fornecer os padrões
sócio-culturais que devem ser compartilhados por todos. Nesse processo de luta pela liberdade, os
acontecimentos do século XVIII tiveram um papel significativo, especialmente com a difusão dos valores iluministas. No século XIX, ocorreu outra importante
mudança, pois, além da liberdade do
homem, houve uma promoção da sua individualidade, possibilitada pela intensificação da divisão do trabalho. Assim, estabeleceu-se uma
ambiguidade: se por um lado a especialização fez com que o indivíduo se
tornasse único e indispensável, por outro, o transformou em um sujeito que
depende dos outros no cumprimento de seus respectivos papéis. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A proposta de Simmel é tentar desvelar a forma como o indivíduo responde diante do excesso de estímulos nervosos que recebe vivendo nesse mundo complexo,
caracterizado por um dinamismo sem precedentes. Mais especificamente, o autor está interessado
em compreender as defesas psicológicas que o habitante da metrópole desenvolve
para lidar com os desafios de se viver
numa grande cidade.<i style="mso-bidi-font-style: normal;"> </i> Uma assumida tendência à intelectualização e a atitude <i style="mso-bidi-font-style: normal;">blasé</i>
definem a postura típica que o sujeito assume como forma de reação perante os
estímulos excessivos. Ao anunciar o domínio do intelecto na condução das
relações humanas, Simmel aponta como principal prejuízo o distanciamento
afetivo com o propósito de preservar a
sanidade psíquica. O uso do dinheiro,
elemento neutro, seria uma evidência desse distanciamento. Nesse sentido, as relações
de troca, também acentuadas com a divisão do trabalho, prescindiriam das
relações pessoais mais próximas, já que a mediação é feita por meio da moeda
corrente. O mercado, portanto, apresenta-se como o lugar, por excelência, das relações no mundo moderno. O comportamento <i style="mso-bidi-font-style: normal;">blasé</i>,
resultante do mesmo processo, caracterizaria a postura de indiferença do
indivíduo frente aos inúmeros acontecimentos cotidianos. A recorrência desses
acontecimentos torna-os banais, ou seja,
os indivíduos deixam de reagir a eles. Nesse contexto, o sujeito perde sua capacidade de distinção
entre as coisas que, em consequência, deixam de ser percebidas como significantes. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Além dos traços, acima descritos, vale ressaltar, ainda,
que a vida mental desse indivíduo citadino caracteriza-se, também, por uma
atitude de reserva que se manifesta por meio de um código tácito que impede que
os limites da convivência sejam ultrapassados. Dessa maneira, evita-se os
contatos indesejados assumindo uma atitude que pode ser interpretada como
frieza. Em última instância, a reserva
pode vir à tona como repulsa mútua e/ou sentimento de ódio, produzindo, por conseguinte,
conflitos. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em síntese, a vida na metrópole
condicionaria a emergência de relações sociais marcadas pela indiferença, pela
impessoalidade, pelo cálculo e por uma extrema individualização dos sujeitos. Simmel conclui falando sobre as inúmeras
possibilidades da vida metropolitana, com toda
sua riqueza cultural e fertilidade de significados. Na metrópole, o
indivíduo pode se ver livre das amarras
a que estão sujeitas as pessoas que vivem em pequenas comunidades. Não obstante,
essa liberdade pode assumir a forma de solidão e anonimato.<br />
_______________________<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
SIMMEL, Georg. A metrópole e a vida mental.
In: VELHO, Otávio Guilherme (org.). <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O </i><i style="text-indent: 35.4pt;">fenômeno urbano</i><span style="text-indent: 35.4pt;">.
4ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara, 1987.</span></div>
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-5955619177305693292011-06-12T10:10:00.000-07:002012-01-03T07:28:43.772-08:00Ponderações sobre a existência em "A insustentável leveza do ser" de Milan Kundera<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://1.bp.blogspot.com/-BIRMsmC4-PM/TfT0TAe4CiI/AAAAAAAAAV8/34TXOWSxKr0/s1600/a_insustentavel_leveza_do_ser.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-BIRMsmC4-PM/TfT0TAe4CiI/AAAAAAAAAV8/34TXOWSxKr0/s1600/a_insustentavel_leveza_do_ser.jpg" /></a></div>
<div style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: black;"><span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span></span><br />
<div style="margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="background-color: black; color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8;">A leitura de "A insustentável leveza do ser" é
uma experiência fascinante para aqueles que estão aptos a mergulhar na
profundidade de todas as questões existenciais trazidas pelo autor. O enredo
possui uma característica fundamental de todo bom texto, nos faz pensar. Assim,
o fascínio que provoca não deve ser confundido com o prazer simples que um
livro qualquer possa nos trazer. Aliás, aludindo à dicotomia, leveza/peso, que
é o eixo da narrativa, digo que não é uma sensação de leveza que toma conta do
leitor ao fim da história. Kundera nos convida para uma reflexão sobre a vida
da qual seria bom que ninguém saísse ileso. </span><span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8;">A narrativa tem como ponto de partida o autor
evocando a idéia do eterno retorno de Nietzsche. Não sem razão, já que é a
filosofia nietzscheana que melhor traduz o espírito da época que vemos
manifesto nos personagens, especialmente, Tomas e Sabina. O eterno retorno não
deve ser entendido como o processo cíclico da história. É um mito e, por
negação, pretende mostrar que a vida é uma só, essa é a sentença que pesa sobre
os homens: “uma vez não conta, uma vez é nunca. Não poder viver senão uma vida
é como não viver nunca”. Vive-se sem saber se as decisões tomadas são realmente
as melhores, não tivemos outras vidas para comparar. Não poderemos fazer certo
da próxima vez, porque não haverá uma próxima vez. </span></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O romance tem como cenário a ocupação da
Tchecoslováquia pela Rússia no ano de 1968, como contra-golpe à abertura
democrática que fora proposta pelos intelectuais tchecos no movimento que ficou
conhecido como a “ Primavera de Praga”. O sonho comunista tornou-se um
pesadelo. É sob esse pano de fundo histórico que nos são apresentados Tomas,
Tereza, Sabina, Franz e Simon. Tomas é um médico divorciado, cujo modo de vida
consiste em não se apegar a nada. Seu objetivo é uma vida leve. Daí não sofrer
com remorsos ao abrir mão da presença do filho, Simon, e de romper com seus
pais que censuravam tal atitude. Entretanto, a leveza é ameaçada por Tereza,
garçonete do interior, por quem, por uma série de casualidades sucessivas,
acaba se apaixonando. Casa-se com Tereza, mas não abre mão de sua forma de
viver, mantém casos extraconjugais, dentre os quais, destaca-se sua relação com
Sabina, artista plástica que, assim como Tomas, não vê o mundo com o olhar dos
crédulos. Na Suíça, lugar para o qual emigrou depois da ocupação russa,
Sabina conhece Franz, mantém um caso com ele, mas não suporta o fato de que
este possa, com seu amor, por abaixo a vida segura que construiu baseada numa
visão cética da humanidade. Para Sabina, o que impera no mundo é o kitsch ,
a cegueira, a ilusão das ideologias que inculcam a possibilidade de um paraíso
na terra; que negam a existência da “merda”. <o:p></o:p></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">
</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Tomas e Sabina representam todos aqueles que têm os
olhos abertos para enxergar que os ideais defendidos, inúmeras vezes com
derramamento de sangue, não passam de artifícios para enfeitar a vida. Essa é a
função do Kitsch, servir como um arremedo estético. Eles tipificam o
indivíduo que vive no mundo desencantado, enunciado por Max Weber. O mundo que
superou, por meio da racionalidade, o pensamento religioso. Contudo, o
esclarecimento também é mito, como afirmam Adorno e Horkheimer, portanto, as
raízes do desencantamento são mais profundas e o resultado disso é a frustração
e, por conseguinte, o pessimismo. Perde-se a fé em Deus, na ciência e o que resta
é apenas o que podemos fazer com nossa breve trajetória aqui, que Kundera, com
seu niilismo, condena à falta de qualquer sentido. <o:p></o:p></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">
</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Penso que, à semelhança das personagens, precisamos
abrir os olhos, admitir que a vida é exatamente isso aí que nos está posto; a
vida é sobretudo aquilo que se passa dentro de nós. Este é o lugar onde se
desenrola o enredo particular da nossa existência. A aceitação da vida implica
a aceitação da impossibilidade de construir um paraíso na terra. O paraíso não
é mais o nosso lugar nesse mundo, fomos expulsos de lá, não podemos voltar sem
que Deus nos permita, não podemos reconstruí-lo, pois é obra do Criador. Se o
ser humano não fosse tão pretensioso, talvez pudesse compreender isso e, então,
cessariam, ou pelo menos, diminuiriam muito os motivos para a guerra, para as
lutas pelo poder e, como consequência, teríamos menos injustiças, menos
desigualdades e mais respeito pelo outro. A ânsia pela vida nos faz viver
menos. Acredito que é isto que Jesus quis dizer quando proferiu as seguintes
palavras: “Aquele que perder sua vida, achá-la-á, mas aquele que ganhar a sua
vida, perdê-la-á”. Ao contrário do que Kundera propõe em sua obra, é preciso
ter esperança. Enxergar e entender a vida não significa curvar-se
diante do imponderável. Ninguém foi capaz de dissecar tão bem a inutilidade das
nossas preocupações como Cristo e, ao mesmo tempo, conferir sentido a nossa
existência. <o:p></o:p></span></span></div>
<span class="Apple-style-span" style="color: #b6d7a8;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O autor-narrador afirma que a vida não é nada, não é
sequer um esboço, já que não poderá ser passada a limpo, mas creio
que a vida não se limita à contingência espaço-temporal na qual os
céticos a encerram. Ouso sentenciar, baseada na fé que deposito nas palavras do
Cristo, que estamos ensaiando. A verdadeira vida ainda está por
começar. Sei que a história do cristianismo também é marcada pela tentação
do Kitsch, seja no catolicismo, protestantismo, ou em qualquer outra
vertente cristã. No entanto, precisamos fazer um esforço para não
confundir o que Jesus ensinou com muitas coisas que ensinam em nome d’Ele. Talvez
seja justamente por causa dessa confusão que muitos de nós preferimos dar
ouvidos à Nietzsche e seus porta-vozes. Ainda que eles tenham o que dizer, e
não devamos ter medo de ouvi-los, é necessário entendermos o limite de
suas contribuições. Conheci o niilismo, experimentei a vida sem
esperança, não gostei. Prefiro a vida que tenho agora, ela é iluminada, não
pela razão arrogante da modernidade, não pelo fanatismo religioso, mas pela
consciência da graça. Entregar nossos fardos a Deus é o único modo de vivermos
uma vida verdadeiramente leve.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><o:p></o:p></span></div>
</span></div>
</div>
</div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-1648669834869316602011-05-07T10:18:00.000-07:002012-01-03T07:29:55.289-08:00Sobre a intolerância dos pseudocristãos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-s_C44JMTfi4/TcV9soL7wrI/AAAAAAAAAV0/p_ibmskVlRg/s1600/imagesca6fk124.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-s_C44JMTfi4/TcV9soL7wrI/AAAAAAAAAV0/p_ibmskVlRg/s320/imagesca6fk124.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Infelizmente, os líderes de igrejas que mais têm espaço na mídia são
justamente aqueles capazes de deixar qualquer cristão, com o mínimo de bom senso,
terrivelmente constrangido. Como se não bastasse serem representantes de um evangelho completamente
conformado à lógica do mercado, porta-vozes
de um discurso triunfalista que manifesta desejo de poder e riqueza, ainda reivindicam para si, cegados pela arrogância,
o direito de legislar sobre a vida
daqueles que não compartilham a mesma fé.
A oposição irracional à união civil
homoafetiva é um exemplo claro dessa pretensão de arbitrar sobre a vida de
todos os indivíduos.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A lógica é simples: o que é uma verdade irrefutável para mim, não é para
o outro, então não posso exigir que ele viva conforme a minha crença, do mesmo
modo que ele também não pode exigir que eu viva de acordo com o que ele
acredita. Em nenhum de seus ensinamentos,
Cristo nos outorga autoridade para impor o seu Evangelho, ao contrário, seu
exemplo sempre foi de tolerância. Nas únicas vezes que manifestou indignação, de
forma enfática, os alvos foram aqueles que falavam em nome de Deus, seguiam todas as
regras, mas eram incapazes de serem compassivos. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
O Brasil não é menos cristão porque
reconhecemos o direito dos indivíduos de fazer o que querem com suas vidas pessoais. O Brasil se torna
menos cristão quando compactuamos com as injustiças e desigualdades sociais,
quando toleramos a corrupção, a
desonestidade, permitimos a crueldade. Há causas realmente significativas que
precisam do nosso engajamento. Não devemos nos esquecer que são por nossas próprias
escolhas e ações que seremos responsabilizados. </div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-58676230632965336302011-04-28T14:45:00.000-07:002018-08-29T10:44:09.071-07:00Como Paris se tornou a capital do luxo e da moda segundo Walter Benjamin<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-SFYIBaKfxuk/Tbnf539Gj2I/AAAAAAAAAVw/OfIhKJRbmwk/s1600/vivienne1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="227" src="https://2.bp.blogspot.com/-SFYIBaKfxuk/Tbnf539Gj2I/AAAAAAAAAVw/OfIhKJRbmwk/s320/vivienne1.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p> </o:p> </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Walter
Benjamin procura mostrar, a partir de uma leitura marxiana, as transformações que ocorreram em Paris ao
longo do século XIX, bem como os diferentes olhares que foram lançados sobre
ela, que a alçaram a posição de capital
da moda e do luxo. Seu objetivo é por em
evidência o pano de fundo ideológico por trás de cada mudança. Nesse sentido,
nada aparece como algo aleatório no processo
histórico, ao contrário, tudo tinha uma
razão de ser, servia a um propósito. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"> A
análise de Benjamin parte de uma primeira mudança significativa na arquitetura
parisiense, a construção das galerias. Além de serem o resultado de um período de grande
prosperidade no comércio de têxteis, o modo como foram construídas só foi
possível graças à utilização de um material inovador: o ferro. Evocando Balzac, Benjamin explica que os edifícios das
galerias, com seus corredores, com tetos de vidro para aproveitar a luz natural, e seus entablamentos feitos de mármores, representavam a arte a serviço do
comércio. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"> O
advento do ferro facilitou um retorno à
arquitetura da Grécia Antiga (neoclassicismo), mais precisamente, uma releitura do estilo helênico com sua
grandiosidade que tem por finalidade destacar a supremacia do Estado. Benjamin
afirma que a estética arquitetônica
imperial, utilizada no Primeiro Império, foi um obstáculo para que Napoleão III pudesse perceber a natureza funcional do Estado como instrumento
de dominação, ou seja, o Estado não como um fim em si mesmo. Do mesmo modo que o imperador não tinha uma
percepção crítica da função do Estado, os arquitetos também não foram capazes
de perceber a importância do ferro como elemento fundamental dos processos de
mudança que ganhavam contornos concretos na paisagem urbana. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Uma das
consequências mais imediatas da utilização do ferro foi afirmação do conceito
de engenheiro, cuja contraposição era a figura do decorador. Desse modo, a arquitetura, que outrora servia
primordialmente a um propósito artístico, passa a ser concebida como construção
de engenharia. A funcionalidade se sobrepõe à estética, indo em direção à razão
instrumental que caracteriza a emergência do mundo dominado pelo capital. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Embora a França estivesse caminhando a passos largos
rumo à acentuação das diferenças de classes, no começo do século XIX a
sociedade ainda vivia sob os resquícios utópicos da revolução de 1789. O
filósofo Charles Fourier aparece como uma figura emblemática desse período.
Tendo como modelo o funcionamento das máquinas, propôs, preconizando a utopia
do socialismo libertário, a criação de falanstérios, ou seja, falanges
organizadas de convivência, de produção
e consumo nas quais todos os membros tinham posição equivalente. Por meio do falanstério, os homens seriam
conduzidos a relações em que a moralidade deixa de ser necessária. Na Terra
Prometida de Fourier não havia lugar para a repressão da burguesa. O filósofo
viu nas galerias o paradigma arquitetônico do falanstério. Depois de servir a
finalidades comerciais seriam transformadas em habitação. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Assim como a
arquitetura se liberta da tutela da arte graças ao ferro, a pintura se emancipa graças aos panoramas. O Panorama é um tipo de pintura mural elaborada num
espaço circular em torno de uma plataforma de onde as pessoas podiam apreciar
as imagens feitas a partir da tentativa de imitar a natureza por meio do uso de alguns artifícios.
Segundo Benjamin, os panoramas eram a
expressão de um novo sentido de vida: o
homem da cidade tenta trazer para perto de si o campo. No âmbito da
literatura, a tendência se traduz numa
série de esboços que tinham como objetivo primordial desenhar um quadro da sociedade que servia como
cenário de fundo dos panoramas. Conforme o autor, é a última vez que o operário
é representado desligado de sua classe social. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Entre os nomes
expressivos da pintura de panoramas, encontra-se Louis Daguerre. Em 1839, seu
Panorama é destruído e ele anuncia, então, a invenção do daguerreótipo,
instrumento precursor da máquina fotográfica. Embora o daguerreótipo exigisse
que a pessoas ficassem imóveis cerca de trinta minutos para ter sua imagem
reproduzida, representava um avanço em relação à pintura que exigia muito mais
tempo. Ademais, trazia consigo o argumento de que retratava a realidade de
forma mais fiel. Não por acaso, começou a se registrar paisagens que não eram
comuns nas pinturas, como, por exemplo, as fotografias dos esgotos de Paris
feitas por Felix Nadar. Instaura-se, a
partir de então, uma tensão entre artistas e fotógrafos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Em 1855, na
Exposição Universal de Paris, a fotografia ganhou uma mostra particular. Além
de maior espaço no campo das artes, ela começa a ser percebida no seu papel político. Conforme Antoine Wiertz, ela tinha a missão de iluminar a pintura. Vale ressaltar que Wiertz, pintor belga,
sempre lançou mão da sua arte para militar em prol da independência do seu
país. Assim, procurou retratar exemplos de heroísmo de pessoas que
pudessem ser modelos para a nação. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">É
particularmente significativa a perspectiva de Benjamin sobre as Exposições
Universais. Para ele, elas cumpriam, no tempo em que não havia ainda a
indústria do entretenimento, a função de enquadrar os operários. A
expectativa dos organizadores, sob uma perspectiva sansionista, era de que as classes trabalhadoras encontrassem
divertimento ao mesmo tempo em que
participavam de uma festa de emancipação. O problema é que os
sansionistas previram o desenvolvimento da economia mundial, mas não a luta de
classes. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">O fato é que
as Exposições Universais se tornaram importantes eventos de exaltação e
fortalecimento do capitalismo. Por meio
delas, houve uma superestimação do valor de troca da mercadoria em detrimento
do seu valor de uso. O fetichismo alcança seu mais alto grau: a mercadoria é
sacralizada. Para explicar esse processo, Benjamin recorre ao que Marx
denominou de “caprichos teológicos da mercadoria”. Surge a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">specialité</i>, ou seja, o produto como marca de distinção. Para Benjamin, é na Exposição Universal de
1867 que a fantasmagoria da cultura
capitalista atinge seu auge. O império encontrava-se no ápice do seu
poder e Paris afirmava-se como capital da moda e do luxo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Entre as
mudanças relevantes que traçaram os contornos da Paris do século de XIX, Benjamin cita também a entrada do cidadão
particular na história. Fato significativo que resultou, sobretudo, da
Revolução de Julho ( 1830), cujo protagonista foi Luis Filipe. Sob seu governo, houve, por um lado, um alargamento da democracia, sendo que uma
das principais medidas políticas foi o reconhecimento do direito ao voto. Por outro lado, ganha força também o ideário
liberal que, por sua vez, calca-se na
noção do ser humano como indivíduo. Na
sociedade industrial, o local de trabalho começa a ser visto em contraposição
com o local em que se vive. O lugar em
que se vive é o interior, cuja função é manter a fantasmagoria, as ilusões.
O local de trabalho deveria ser visto apenas como complemento. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Em Baudelaire,
Paris se torna objeto de poesia lírica, mas não de uma poesia regionalista, mas
derivada do olhar de um homem alienado.
O alienado aqui é aquele que se coloca à parte. É o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">flâneur </i>, aquele que vaga por toda cidade reparando tudo à sua
volta. É uma espécie de rebelde que não encontra seu lugar, mesmo que busque
refúgio na multidão. A Paris de Baudelaire encarna o espírito da modernidade e
o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">flâneur </i> é uma figura típica desse tempo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Por fim,
Benjamin fala de George Haussmann e as grandes transformações que promoveu na
arquitetura parisiense no período em que
fora prefeito. Com o aval do então imperador, Napoleão III, o prefeito promoveu
uma série de expropriações, demoliu inúmeras moradias, ruas e comércios a fim de reconstruir tudo
tendo em vista uma cidade para a dominação. Seu objetivo era dificultar a ação
dos rebeldes que, por seu turno, utilizavam como principal estratégia bélica a
construção de barricadas. O prefeito enlargueceu as ruas e construiu bulevares.
Os operários foram empurrados para o subúrbio. </span></div>
<div style="border-bottom: solid windowtext 1.5pt; border: none; mso-element: para-border-div; padding: 0cm 0cm 1.0pt 0cm;">
<div class="MsoNormal" style="border-bottom-style: none; border-color: initial; border-left-style: none; border-right-style: none; border-top-style: none; border-width: initial; padding-bottom: 0cm; padding-left: 0cm; padding-right: 0cm; padding-top: 0cm;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">A
Paris de Haussmann, segundo Benjamin, é o lugar onde a centralidade do
dinheiro se mostra de forma mais
explícita, especialmente, por intermédio do jogo e da especulação fraudulenta. Ainda que a ascensão de Napoleão III, presidente eleito em 1848, tornando-se imperador em
1851 por meio de um Golpe de Estado, tenha ocorrido com o apoio do clero, da
burguesia e do operariado, a essa altura, os trabalhadores já haviam sido
postos <st1:personname productid="em escanteio. Assim" w:st="on">em escanteio. Assim</st1:personname>,
as esperanças de igualdade que impulsionaram a
Revolução de 1789, e revividas na ascensão de Napoleão III, foram completamente esmagadas pelo Império Liberal do ditador. Novas insurreições aconteciam, mas o inimigo,
agora, são os aliados de outros tempos.</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">Bibliografia: </span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "times" , "times new roman" , serif;">BENJAMIN, Walter. Paris, capital do século XIX. In: FORTUNA, Carlos (org). Cidade, Cultura e Globalização: ensaios de Sociologia. Oeiras: Celta Editora, 1997</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-47429460071322540142011-03-31T09:22:00.000-07:002015-08-14T06:25:40.378-07:00Joaquim Nabuco: a escravidão como entrave ao progresso moral e econômico do Brasil<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/--NFJm82sKiU/TZSqHGV47YI/AAAAAAAAAVM/MRbI_uwA7mg/s1600/024debret.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="233" src="http://2.bp.blogspot.com/--NFJm82sKiU/TZSqHGV47YI/AAAAAAAAAVM/MRbI_uwA7mg/s320/024debret.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Com seu mais
renomado livro, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O abolicionismo, </i>Joaquim Nabuco traz para o centro do debate o problema
da escravidão, não como um fenômeno entre outros, mas como
fator elementar na formação da sociedade
brasileira. A obra representa o ápice da militância do autor contra o escravagismo que, segundo ele, atravancava
o progresso moral e econômico do Brasil</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O livro tem início com uma breve reconstrução histórica das posições
contrárias à escravidão. A primeira
oposição nacional é direcionada ao tráfico e cristaliza-se na Lei Eusébio de
Queiróz em 1950. O discurso que sustenta
essa primeira ação era de que sem negros
para serem negociados, o sistema escravocrata,
no decurso do tempo, enfraqueceria até ser extinto. A essa primeira medida seguiu-se a resolução de
que os traficantes deveriam ser deportados.
Segundo Nabuco, foram medidas menores para conter os ânimos dos
partidários da abolição. Depois de um período de calmaria, começa em 1866 um novo período de pressões
pró-abolicionismo. Isto fez com que em 28 de setembro de 1871 fosse promulgada
a Lei do Ventre Livre. Novamente o Estado conseguiu acalmar os ânimos e o
período subseqüente foi de indiferença em relação à sorte dos escravos. Após oito anos de apatia, um grupo de
parlamentares, entre eles, o próprio Joaquim Nabuco, inicia uma campanha para
acabar de vez com o mal que, conforme as
palavras do autor, degrada a nação toda.
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
O desafio maior para a causa abolicionista
consistia no fato de que os escravos eram reféns dos seus senhores e, estes,
por sua vez, dependiam completamente dos escravos. O trabalho proposto era o de tentar conciliar os dois grupos a fim de que ambos fossem preservados
do melhor modo possível. O apelo dos abolicionistas não é dirigido aos cativos,
justamente para evitar insurreições. Para Nabuco, a mudança poderia ocorrer sem
os traumas provocados por um confronto direto, por isso, seu apelo é dirigido,
sobretudo, às instituições política e religiosa e seus representantes, em cujas mãos estava o
poder para promulgar a abolição e fazer valer o direito à cidadania dos povos negros no Brasil. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É particularmente significativa a
percepção de Nabuco em relação ao papel da
Igreja Católica. Para ele, a
Igreja, do modo como estava estabelecida, com seu clero secular, caracterizava-se por
uma total submissão aos interesses dos senhores de terra. Entre as piores conseqüências desse
catolicismo a serviço dos dominantes, está o esvaziamento do sentimento
verdadeiramente religioso. Ora, se a Igreja, fiel representante de Deus, não
via problema nas atrocidades cometidas contra os escravos, se ela mesma se encarregou de tecer
justificativas para a escravidão, dificilmente os escravagistas enfrentariam qualquer dilema ético
concernente aquela situação</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Vale salientar que a preocupação de Nabuco vai além do abolicionismo, ele
previa os problemas sociais que poderiam advir da libertação dos escravos se
não fossem lhes dadas as condições necessárias para sobrevivência. Problemas
que seriam enfrentados, primeiramente, pelos contemplados pela Lei do Ventre
Livre que, apesar da alcunha de libertos,
ficariam no cativeiro até completarem 21 anos, sendo, por conseguinte, negado-lhes o
direito de receber uma formação longe
das senzalas. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Citando o discurso de Eusébio de Queiróz, Nabuco põe em evidência a primazia que sempre fora dada às questões
econômicas em detrimento das questões morais. O tráfico só foi suprimido por causa
da pressão da Inglaterra, pois seria mais vantajoso ter esse país como aliado
do que como inimigo. Portanto, a persistência do sistema escravocrata deve-se,
acima de tudo, a um acordo tácito
entre as partes (políticos, religiosos,
pessoas do povo) de que esse era o
caminho econômico mais viável para o
Brasil. Assim, a tentativa de persuasão de Joaquim Nabuco não
restringiu-se a denunciar a imoralidade da escravidão, ele procurou
enfatizar também o atraso econômico e o obstáculo ao progresso como
conseqüências desse sistema.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
________________________</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Referências
Bibliográficas:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
NABUCO, Joaquim. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">O abolicionismo. </i>Brasília: Conselho
Editorial, 2003.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-68330949560706427482011-02-05T12:51:00.000-08:002012-01-30T08:06:39.057-08:00Sobre o modo como nos relacionamos na contemporaneidade<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://4.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TU23f7mLttI/AAAAAAAAAR0/VIlA7V2Ze0E/s1600/bipolar+07.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TU23f7mLttI/AAAAAAAAAR0/VIlA7V2Ze0E/s320/bipolar+07.jpg" width="261" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">“Viver é muito perigoso”, aforismo recorrente na fala de Riobaldo,
principal personagem da saga <i>Grande
Sertão: veredas </i>de João Guimarães Rosa, talvez faça hoje mais sentido do
que em qualquer outra época. Quem
conhece a obra sabe que a sentença do autor não diz respeito apenas ao iminente
perigo da morte, mas sobretudo aos riscos que estamos sujeitos por sermos seres primordialmente relacionais. Portanto, ao supor que a vida, hoje, é mais perigosa do que em qualquer outro momento histórico, não tenho em mente nenhuma das grandes
ameaças a humanidade típicas do mundo contemporâneo, como armas de destruição
em massa, catástrofes naturais decorrentes do aquecimento global e outros
perigos que Ulrich Beck (1998) denomina de “riscos produzidos”, ou seja, efeitos
colaterais dos avanços técnico-científicos. Meu desejo é focar nos riscos derivados das
profundas transformações que ocorrem no modo como nos relacionamos.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Vivemos no tempo da liberdade
individual, isso significa que cada um, de modo geral, pode delinear sua própria trajetória.
Não estamos mais sob a ditadura das identidades fixas: filho de peixe
não será, necessariamente, peixinho, se cismar de ser outra coisa, não há
determinismo biológico ou social capaz de se sobrepor a isso. Os estudos de gênero estão aí para comprovar.
Tudo é fluido, como afirma Bauman (2001), assim, não sabemos mais o que esperar
uns dos outros. O que se quer agora pode não se querer mais daqui a um
instante. O verbo “ser” que remete a uma condição essencial e, portanto, perene
do sujeito, é substituído pelo verbo
“estar” que implica transitoriedade: “Eu não sou, eu estou”. Aparentemente, as vantagens dessa nova forma
de se colocar no mundo são muitas: sexualidade vivida sem limites, não estar
preso a relações insatisfatórias, experimentar tudo que tiver ao alcance e uma série de outras coisas
defendidas por aqueles que exaltam o relativo e condenam o absoluto. Contudo, não
é preciso ser um especialista para perceber que embaixo dessa superfície cheia
de cores, há uma enorme escuridão e, na escuridão, não vemos o caminho, não
sabemos para onde ir, sentimos medo, ficamos paralisados. O reino das possibilidades é, também, o reino da
insegurança e, para sobreviver nele, é preciso, mais do que qualquer coisa, de coragem.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"> É arriscado acreditar nos outros, investir em relacionamentos, criar expectativas.
Daí a palavra de ordem ser “curtir o
momento”. O problema é que ainda não nos tornamos seres destituídos de
sentimentos. Sempre vamos querer mais do que “curtir o momento”. Queremos relações duradouras, aprovação
sincera, afeto incondicional. Assim, nos tornamos pessoas cada vez mais
frustradas, desconfiadas e medrosas. Não sem razão temos um crescente número de
indivíduos sofrendo de algum distúrbio psicológico: depressão, transtorno
bipolar, paranóia, síndrome do pânico e muitos outros que poderiam ser elencados.
Outra conseqüência, não menos importante, são as concessões que alguns fazem para não ficarem sozinhos. A solidão talvez seja a mais
assustadora das ameaças. Nesse sentido, fica-se
com qualquer pessoa apenas para não estar só e, com isso, paradoxalmente,
estamos mais sós do que nunca. Presença física não significa estar presente
de fato</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"> O diagnóstico não é bom, mas também
não é definitivo. Podemos fazer escolhas
diferentes destas que comumente nos são apresentadas. Nadar contra a corrente requer de nós um enorme esforço e, muitas vezes, vamos ficar
cansados. Todavia, se simplesmente nos deixarmos levar, estaremos ajudando a
construir uma sociedade onde predominam o <i>fake,
</i>o superficial, o transitório. De forma concreta, fazer outras escolhas
significa investir na dignidade humana; cultivar a sensibilidade para que jamais
percamos a capacidade de notar o
sofrimento que causamos e de pedir perdão por isso; investir em relacionamentos
saudáveis e, por fim, dizer “não” a
todos aqueles que insistem em nos tratar como mercadorias em estantes de
supermercado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 347.25pt; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"> ______________________</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 347.25pt; text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">BAUMAN, Zygmunt. <i>Modernidade Líquida</i>. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Editor, 2001.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">BECK, Ulrich. <i>La sociedade del riesgo</i>: hacia
una nueva modernidad. Barcelona:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;">Paidós, 1998.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<br /></div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-932543280109305262010-12-15T14:59:00.001-08:002013-02-20T15:31:54.367-08:00O Homem em "Os sertões" de Euclides da Cunha*<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TQlIDJZ8i7I/AAAAAAAAARk/bPvIQrKAw9k/s1600/Ant%25C3%25B4nioConselheiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TQlIDJZ8i7I/AAAAAAAAARk/bPvIQrKAw9k/s1600/Ant%25C3%25B4nioConselheiro.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Constando sempre nas listas dos melhores livros da literatura mundial, <i>Os sertões</i> de Euclides da Cunha é uma
obra que não pode ser limitada a uma área específica do conhecimento. </span><span style="font-size: small;"> Trata-se, ao mesmo tempo, de um </span><span style="font-size: small;"> registro histórico e etnográfico com uma
narrativa épica primorosa. Está dividido em três partes principais: A Terra, O Homem e A Luta. O resumo que se segue restringe-se a segunda parte, “O Homem”,
com ênfase no movimento messiânico liderado pela antológica figura de Antônio
Conselheiro.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><i> </i>Euclides da Cunha inicia apresentando os
três tipos antropológicos que constituem a</span><span style="font-size: small;">
base racial da qual deriva diversas sub-raças brasileiras. Ele manifesta
</span><span style="font-size: small;"> preocupação com essa mistura que,
conforme os pressupostos evolucionistas que o influenciavam, enfraquecia os
seres humanos. Assim, quanto menos miscigenação houvesse, mais vigorosos seriam
os homens tanto física como </span><span style="font-size: small;"> moralmente.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">O indígena é o</span><span style="font-size: small;"> primeiro tipo
apresentado. Os silvícolas encontrados aqui, à época do descobrimento, </span><span style="font-size: small;"> eram, de acordo com Cunha, </span><span style="font-size: small;"> originários de raças autóctones que habitavam
o continente americano. O segundo tipo, o negro, o mais subjugado e
desprotegido entre os três. E, por fim, o português responsável pelo <i>gens</i> aristocrático do povo brasileiro,
seu elo com a civilização. </span><span style="font-size: small;"> Para o autor,
não faz sentido a discussão sobre qual dentre as três raças seria </span><span style="font-size: small;"> predominante porque a tendência é de uma
miscigenação contínua, dando origem a </span><span style="font-size: small;"> sub-raças, impossibilitando, dessa maneira, </span><span style="font-size: small;"> a unidade racial. O único meio desse povo biologicamente
enfraquecido sobreviver é progredindo socialmente, já que o progresso físico
estava comprometido. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"> Cunha associa, como era comum naquele período, o
desenvolvimento ou não</span><span style="font-size: small;"> de determinadas
habilidades físicas ao meio geográfico. O clima e o relevo seriam elementos
determinantes na formação dos habitantes de uma região específica. Para
evidenciar nossa composição</span><span style="font-size: small;"> heterogênea,
ele destaca</span><span style="font-size: small;"> duas sub-raças,</span><span style="font-size: small;"> </span><span style="font-size: small;"> mulata
e</span><span style="font-size: small;"> sertaneja, </span><span style="font-size: small;"> cujas características singulares são
contrapostas e </span><span style="font-size: small;"> diretamente vinculadas </span><span style="font-size: small;"> </span><span style="font-size: small;"> ao meio
ambiente na qual foram forjadas, uma no litoral e outra no sertão. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"> Ele trata primeiramente do mulato,
cuja</span><span style="font-size: small;"> gênese está fora do país. Embora </span><span style="font-size: small;"> a mistura entre branco e </span><span style="font-size: small;"> negro já acontecesse em</span><span style="font-size: small;"> Portugal, no Brasil, ela ganhou uma dimensão
irreversível. O autor põe ênfase na subordinação cruel imposta aos africanos a
ponto destes serem percebidos em relação de</span><span style="font-size: small;">
equivalência valorativa com um </span><span style="font-size: small;"> animal de carga. Aqui, os negros foram
debilitados pelos grilhões e pelos desejos lascivos dos brancos. O mulato
brasileiro</span><span style="font-size: small;"> surge quebrado pela
servilidade dos negros e contaminado pelos vícios dos brancos, tornando-se,
segundo Cunha, </span><span style="font-size: small;"> o tipo característico do
litoral. </span><span style="font-size: small;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">O segundo tipo é o sertanejo, cuja origem remonta aos desbravadores
bandeirantes</span><span style="font-size: small;"> oriundos de São Paulo e sua
mistura com os indígenas. Por ser uma sub-raça</span><span style="font-size: small;">
mais pura, é</span><span style="font-size: small;"> também mais
forte.</span><span style="font-size: small;"> O homem do sertão é apresentado
sob três espectros: o jagunço, o vaqueiro e o gaúcho. Os três são vigorosos,
mas</span><span style="font-size: small;"> o jagunço se sobressai porque é mais
tenaz e mais resistente. Nas palavras de Cunha, os sertanejos eram retrógrados,
mas não degenerados como os habitantes do litoral. </span><span style="font-size: small;"> O isolamento fez com que tivessem hábitos
próprios e grande apego às tradições, com destaque para o</span><span style="font-size: small;"> sentimento religioso levado até o fanatismo. </span><span style="font-size: small;"> O sertão era, portanto, um lugar propício para
que uma figura</span><span style="font-size: small;"> como Antônio Conselheiro
encontrasse interlocutores.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">O sertanejo é, por suas</span><span style="font-size: small;">
contingências existenciais, pouco desenvolvido psiquicamente, por
conseguinte, sua forma de cultivar a religiosidade era despida de conteúdos
racionais mais elaborados. O autor define sua religião como mestiça, fundada,
entre outras coisas,</span><span style="font-size: small;"> sobre um monoteísmo
incompreensível. Incorpora elementos de religiões,</span><span style="font-size: small;"> narrativas</span><span style="font-size: small;">
e práticas distintas: “o antropismo do selvagem, o animismo do africano
[...] e o aspecto emocional da raça superior na época do descobrimento” (CUNHA,
1984: 80).</span><span style="font-size: small;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Distantes da civilização e da sua modernidade secularizada, os sertanejos
tinham suas vidas marcadas pelas crendices e superstições. Sua sobrevivência
estava vinculada</span><span style="font-size: small;"> exclusivamente à terra.
Essa situação de vulnerabilidade tornava-os propensos</span><span style="font-size: small;"> a buscar auxilio no sobrenatural. </span><span style="font-size: small;"> Daí, estarem sempre prontos a seguir os
messias que apareciam naquelas paragens inóspitas e esquecidas. Diante das
necessidades imediatas dos sertanejos, o catolicismo dos primeiros missionários,
com sua ênfase no transcendente, não poderia prevalecer soberano sobre a magia
dos africanos e dos indígenas.</span><span style="font-size: small;"> Com o
tempo,</span><span style="font-size: small;"> os missionários não só se</span><span style="font-size: small;"> dobraram à religiosidade mágica daquele povo
como também se tornaram seus fomentadores. Conforme Cunha, eles destruíam,
apagavam e pervertiam tudo que foi ensinado pelos primeiros evangelizadores.
Usavam a credulidade dos ingênuos para os dominar.</span><span style="font-size: small;"> O </span><span style="font-size: small;"> temor que lhes inculcavam era </span><span style="font-size: small;"> tão grande que os tornavam facilmente
manipuláveis. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Não sem razão, Antônio Conselheiro, com sua “tranquilidade, altitude e
resignação soberana de apóstolo antigo” (CUNHA, 1984:86), </span><span style="font-size: small;"> conseguiu</span><span style="font-size: small;">
cativar de imediato a atenção desse </span><span style="font-size: small;"> povo sofrido. Sua insanidade e atavismo eram
bem convergentes com as expectativas daqueles sertanejos de mentes
obscurecidas. Conselheiro era, segundo palavras do autor, um gnóstico bronco
que “aceitou”</span><span style="font-size: small;"> a missão de apontar o
caminho para pecadores. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Euclides da Cunha atribui à herança familiar, a</span><span style="font-size: small;"> predisposição belicosa do líder religioso,
embora este tenha sido descrito como tranqüilo e tímido na juventude. </span><span style="font-size: small;"> O fato que desencadeou a manifestação das
características latentes teria sido o adultério da sua esposa. Após o fatídico
episódio, ele </span><span style="font-size: small;"> abandona sua terra natal,
Quixeramobim no Ceará, vai para</span><span style="font-size: small;"> o Sul do
Estado e desaparece, reaparecendo dez anos depois na Bahia, já com sua aparência
de profeta e envolto por</span><span style="font-size: small;"> lendas. A
disciplina de asceta, com todas as suas dores e misérias, legitimava sua
santidade e atraía cada vez mais seguidores. </span><span style="font-size: small;"> Agindo como um profeta veterotestamentário, </span><span style="font-size: small;"> põe-se a denunciar e a combater</span><span style="font-size: small;"> o poder estatal e sua república, </span><span style="font-size: small;"> e o poder </span><span style="font-size: small;"> eclesiástico representado pela Igreja Católica
que, segundo suas palavras, tornara-se serva de Satanás. </span><span style="font-size: small;"> Seu discurso era escatológico, os seguidores
deveriam se desapegar de todas as coisas mundanas porque o fim estava próximo. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"> A crescente influência do asceta
fez com que as autoridades instituídas, insufladas principalmente pelas
exigências dos padres, tomassem providências. Uma primeira expedição, não com
mais de duzentos homens, fora enviada para acabar com os insurgentes. </span><span style="font-size: small;"> Naquele sertão castigante, os rebeldes
venceram utilizando, principalmente, os obstáculos naturais que lhes eram tão
familiares. </span><span style="font-size: small;"> Contudo, </span><span style="font-size: small;"> Conselheiro sabia que a vitória era apenas o
prenúncio de batalhas mais difíceis. O líder e seus seguidores vão para
Canudos, uma fazenda transformada em vilarejo. Com a chegada dos rebeldes em 1893, o
lugar obscuro revive e cresce rapidamente sob a força do carisma do Beato que
atraía pessoas de todas as cidadelas daquela redondeza.</span><span style="font-size: small;"> O efervescente povoado de Canudos, com sua
arquitetura rudimentar, torna-se, então, o local sagrado, protegido das
maldições que assolam o mundo externo. Ali instaurou-se uma forma de
religiosidade modelada conforme as diretrizes do profeta do sertão, cujo
arbítrio fez com que se estabelece naquela comunidade um organização social
quase clânica. </span><span style="font-size: small;"> No entanto, a rigidez de
Conselheiro, expressa em duras penitências, não impediu os sertanejos de levarem
a termo seus desejos carnais. O sinal mais evidente disso são os filhos espúrios
que nasciam. Se, por um lado, o líder</span><span style="font-size: small;"> não
deixava de condenar o comportamento dos seguidores como pecaminoso, por outro,
tolerava-o. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Os melhores discípulos, por mais contraditório que possa parecer, eram
aqueles que tinham suas vidas marcadas pelo crime. Estes ajudavam a
fortalecer</span><span style="font-size: small;"> a autoridade de Antônio
Conselheiro e expandir seus domínios. À medida que o movimento crescia,
aumentava também o desejo de </span><span style="font-size: small;"> mostrar que
Deus estava com eles, assim, empreendeu-se a construção de uma nova igreja, bem
diferente da capela que fizeram outrora. O novo templo, projetado pelo próprio
líder,</span><span style="font-size: small;"> surgiu imponente diante daquela
arquitetura precária do arraial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: inherit; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"> Euclides da Cunha encerra a
segunda parte narrando o episódio em que a Igreja Católica envia alguns
clérigos para tentar demover o movimento e implantar uma missão no povoado.</span><span style="font-size: small;"> Embora tivessem permanecido por um tempo e
realizado alguns sacramentos, os representantes da Igreja Oficial foram
veementemente rejeitados. A fidelidade dos sertanejos ao Beato era inabalável e
os fizeram resistir até a morte, certos de que encontrariam do “outro lado” o
paraíso.</span></div>
<div class="MsoEndnoteText" style="font-family: inherit;">
<span style="font-size: small;"></span><span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoEndnoteText">
<br /></div>
<div class="MsoEndnoteText">
______________________</div>
<span style="font-size: x-small;"><span style="font-family: 'Times New Roman';">*Resumo feito para a disciplina “Estado e Religião”
do doutorado em Sociologia da Universidade de Brasília</span></span><br />
<div class="MsoEndnoteText">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TQlIDJZ8i7I/AAAAAAAAARk/bPvIQrKAw9k/s1600/Ant%25C3%25B4nioConselheiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br /></a></div>
<div class="MsoEndnoteText">
<b> <span style="font-size: 12pt;">Referências Bibliográficas</span></b></div>
<div class="MsoEndnoteText">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
CUNHA, Euclides.
O Homem. In: <i>Os Sertões. </i>São Paulo:
Três, 1984.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-80686535596870033182010-11-22T10:21:00.000-08:002013-03-24T10:29:23.823-07:00A teoria da ação de Talcott Parsons<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/--q5PqXZp8J8/UU8302XP8uI/AAAAAAAAAoc/0dyOS_3yy1Q/s1600/parsons.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/--q5PqXZp8J8/UU8302XP8uI/AAAAAAAAAoc/0dyOS_3yy1Q/s320/parsons.jpg" width="214" /></a></div>
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: small;"> <span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: small;">Segundo Habermas (1987:217), não houve nenhum
pensador entre os contemporâneos que conseguiu elaborar uma teoria da sociedade
tão completa quanto a de Parsons. O
sociólogo começa a ganhar notoriedade com a publicação, em 1937,
do livro <i>A estrutura da ação
social, </i>no qual empreende uma
releitura da teoria social clássica a partir das obras de Alfred Marshall, Max
Weber, Vilfredo Pareto e Émile Durkheim. O objetivo era produzir uma síntese
teórica de grande envergadura capaz de unificar o campo das ciências sociais. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">O conceito de ação social é o ponto de partida da construção teórica parsoniana
que, em princípio, põe em evidência seu caráter voluntarista. Nesse sentido, os
indivíduos agiriam racionalmente, lançando mão dos recursos disponíveis para alcançar certos objetivos. Assim, as ações não estariam circunscritas a um
determinismo social absoluto, como preconiza, por exemplo, o funcionalismo durkheimiano.
Todavia, embora não sejam
absolutamente determinadas, as ações seriam resultantes de orientações
previamente recebidas pelos atores no decurso de suas vidas, começando pelo
processo de socialização que tem início na infância. Essas orientações são
voltadas para diferentes tipos de objetos, em situações específicas, que
Parsons classifica em três categorias distintas: </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; margin-left: 126pt; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: x-small;">The situation is
defined is consisting of objects of orientation, so that the orientation of a
given actor is differentiated relative to the different objects and classes of
them of the which is situation is composed. It s convenient is action to
classify the object word as composed of the tree classes of “social”,
“physical” and “cultural” (PARSONS, 1951:
3)</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Os objetos sociais dizem respeito ao próprio ator que interage tendo como
referência a si mesmo (<i>ego</i>) e os
outros (<i>alter</i>) enquanto indivíduos ou
coletividades. Os objetos físicos,
embora não respondam ao ego de forma interativa, são alvo das orientações dos
atores como recursos ou condições para a
ação. Por fim, os objetos culturais que
são, primordialmente, o conjunto de símbolos, idéias, crenças que os indivíduos
assimilam de tal forma que ajudam a compor a estrutura da personalidade. Vale ressaltar que quando o ator social
encontra-se numa situação em que a ação é orientada para <i>alter</i>, o conjunto de expectativas referentes aos resultados da ação
envolve também a antecipação de possíveis reações do outro. A antecipação só é
possível porque os atores interagentes estão imersos numa rede de significados
que faz parte do complexo simbólico da comunidade societária<a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2141649910054750044#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference">[1]</span></span></a>. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">O grande dilema parsoniano se manifesta nos desdobramentos de sua teoria
da ação. A preocupação com a questão da ordem e da estabilidade, bem como sua
postura político-ideológica impõem limites à sua concepção voluntarista da
ação. Segundo Habermas (1987), Parsons
não conseguiu elaborar a partir da sua teoria da ação um conceito de sociedade
que fosse coerente com sua postura, daí ele ter apelado para a teoria dos
sistemas, comprometendo, desse modo, a perspectiva weberiana que o próprio
Parsons fez questão de afirmar como predominante na sua obra. Colocando em
evidência o paradoxo derivado da tentativa de síntese de Parsons, Correia
explica que:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; margin-left: 117pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Parsons considerou que as unidades básicas do sistema
de acção social eram os actos, tal como as partículas eram as unidades do
sistema mecânico clássico.
Um acto era logicamente composto por um actor, o seu agente; um fim; [...] a
situação em que o actor age, e que difere nalguns traços básicos do estado de
coisas para o qual a acção é orientada, o fim.
Duas consequências provinham desta forma de pensamento: em primeiro lugar,
resultava daqui que a acção implicava um determinado esforço, uma vez que um
fim é sempre um estado de coisas futuro relativo à situação actual o qual só
pode ser realizado graças à ultrapassagem de determinados obstáculos
supervenientes. Por outro lado, uma acção assim considerada parecia só poder
resultar, primordialmente, do ponto de vista subjectivo do autor. Trata-se de
uma particularíssima análise do ponto de vista subjectivo que jaz no próprio
coração da teoria voluntarista parsoniana. A verdade, porém, é que, conforme se
viria a verificar, a importância conferida à norma matizava a importância dada
ao actor (CORREA, 2003: 11-12).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; margin-left: 117pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<span style="font-size: small;">Ao esquematizar a ação social no contexto da teoria dos sistemas, Parsons opta por dar preeminência
às estruturas em detrimento da liberdade dos atores sociais. As ações, assim, seriam apenas reflexos dos padrões
sócio-culturais que foram sendo internalizados durante a sua formação, possibilitando, dessa maneira, a ordem social. </span><span style="font-size: small;">Nesse sentido, a síntese pretendida por ele se perde diante
da necessidade de enfatizar a tendência que a sociedade tem para o
estabelecimento da ordem. Habermas
(1987) critica a perspectiva sistêmica de Parsons afirmando que ela não é capaz
de explicar as patologias do mundo moderno por estar fundada numa visão
extremamente harmônica e estática da sociedade. </span>
</div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span style="font-size: small;"><br /></span>
<br />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="ftn1">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><a href="http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=2141649910054750044#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference">[1]</span></span></a> </span><span style="font-size: small;">A comunidade societária é apresentada por Parsons
(1974) como um subsistema integrador, cuja função mais geral é articular um
sistema de normas com uma organização coletiva que tenha unidade e coesão.</span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: small;"> ___________________________</span></div>
<div class="MsoFootnoteText">
<span style="font-size: small;"><b>Referências Bibliográficas:</b></span></div>
<span style="font-size: small;"><i><span style="font-style: normal;">CORREIA</span></i></span><span style="font-size: small;">, João Carlos. <i><span style="font-style: normal;">Fenomenologia e teoria dos sistemas</span></i><i>: </i><i><span style="font-style: normal;">reflexões sobre um encontro improvável</span></i>.
In: <i>Revista Filosófica de Coimbra. </i> vol. 12, n.º 23, Março de 2003, pp. 181-213</span></div>
<span lang="ES-TRAD" style="font-size: small;">HABERMAS, Jürgen.
Teoria de la acción comunicativa II – crítica de la razón funcionalista. Madri:
Taurus, 1987.</span></div>
<div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify;">
<span lang="EN-US" style="font-size: small;">PARSONS, Talcott. <i>The Social System.</i> Glencoe, IL:
Free Press, 1951.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin: 6pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;"><i><span lang="ES-TRAD">______.O sistema das sociedades
modernas. </span></i></span><span lang="ES-TRAD" style="font-size: small;">São
Paulo: Pioneira, 1974.</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif; margin: 6pt 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: small;">QUINTANEIRO, Tania; OLIVEIRA, M. G. <i>Labirintos simétricos</i> - Introdução à
teoria sociológica de Talcott Parsons. 1.ed. Belo Horizonte: UFMG, 2002.</span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-9806068941569392142010-09-14T17:58:00.002-07:002013-11-19T15:04:42.310-08:00Pensamento liberal-burguês e misoginia em Luiz Felipe Pondé<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; font-family: Verdana,sans-serif; text-align: center;">
<span style="font-size: small;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TJAZ6WrHt_I/AAAAAAAAARc/muoRzbVwF1A/s1600/morda%C3%A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TJAZ6WrHt_I/AAAAAAAAARc/muoRzbVwF1A/s320/morda%C3%A7a.jpg" /></a></span></div>
<div style="font-family: Verdana,sans-serif;">
<span style="font-size: small;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Coerência definitivamente não está entre as características que constituem o indivíduo contemporâneo que, embora seja reflexivo, como afirmou Giddens, não está preocupado em defender posturas e idéias que mantenham um encadeamento lógico. Sua reflexividade exprime-se especialmente por meio da constante capacidade de adaptação que o acelerado ritmo das mudanças sociais exige. Portanto, pode-se dizer que é uma reflexividade pragmática. Entretanto, um problema surge quando essa despreocupação com a coerência atinge a academia e, como consequência, aparecem construções teóricas que são, na verdade, legítimos balaios pseudo-intelectuais. Alguns escritos do filósofo Luiz
Felipe Pondé exemplifica bem o que quero dizer. Seus textos, publicados em uma coluna na Folha de São
Paulo, resultam, particularmente, da mistura de pensamento
liberal-burguês com uma postura misógina, no melhor (ou pior) estilo de Nietzsche. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">É evidente o incômodo do filósofo com as transformações sociais que
promoveram um reposicionamento da mulher na sociedade contemporânea. Não há
nada errado com isso. Afinal, todos nós, um pouco menos alienados, estamos sentindo o
desconforto de vivermos num tempo de transição. As respostas não são tão óbvias e as escolhas não são
fáceis. Contudo, não é porque estamos inseguros que vamos sair por aí bradando
como fanáticos, impondo aos outros nossa visão de mundo. E, no caso de Pondé, que foi seriamente
afetado pela crise da masculinidade que vitima o homem contemporâneo, o mundo deveria voltar a ser o que era, ou
seja, o sexo masculino dominando e o feminino sendo dominado. E tudo muito bem organizadinho: os homens de
sucesso casados com as mulheres bonitas, que jamais poderão deixar de ser
bonitas porque senão estarão dando motivo para serem trocadas por outras; os homens fracassados casados com as mulheres
feias e, estes, nutrindo ódio e inveja daqueles que estão no topo da hierarquia
humana defendida pelo filósofo </span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Verdana,sans-serif; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: small;">Para Pondé, o mundo é estruturalmente desigual e ser contra isso é se
submeter ou se aliar à “ditadura dos ofendidos”. Temos
que aceitar, como cantava Tim Maia “que um nasce pra sofrer enquanto o outro ri”.
Perspectiva fatalista a serviço dos
dominantes. Não há nada que eles desejem
mais do que a conformação dos humilhados. E o mais grave de tudo isso é tentar legitimar
teologicamente essa postura citando Cristo. Este jamais foi conformista. Contestou
o poder instituído e os padrões sociais da sua época. Lidou com as mulheres de
um modo que os homens daquela sociedade jamais ousariam. Portanto, se Pondé quer
defender seu ponto de vista androcêntrico, que o faça, mas que sustente sozinho
suas baboseiras, Jesus não tem nada
a ver com elas. </span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-14564613506828462142010-09-03T13:36:00.001-07:002013-03-24T10:06:12.105-07:00Da divisão do trabalho social e do conceito de solidariedade em Émile Durkheim*<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CWINDOW%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><o:smarttagtype name="PersonName" namespaceuri="urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags"></o:smarttagtype><style>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-GUYC1fCsPpQ/UU8wQ99oVFI/AAAAAAAAAnw/6ddK-NSTjPY/s1600/china-blue-trabalho-jeans.bmp" imageanchor="1" style="background-color: black; margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="http://3.bp.blogspot.com/-GUYC1fCsPpQ/UU8wQ99oVFI/AAAAAAAAAnw/6ddK-NSTjPY/s320/china-blue-trabalho-jeans.bmp" width="320" /></a></div>
<span style="background-color: black;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">P<span style="color: #b6d7a8;">refácio: algumas observações sobre os
agrupamentos profissionais</span><o:p style="color: #b6d7a8;"></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">Para o Durkheim, o estado de anomia, pelo qual passa a
sociedade de seu tempo, pode ser superado apenas por meio da formação de
corporações profissionais que consigam submeter tanto empregados quanto patrões
às mesmas regras. Esses agrupamentos forneceriam o cimento moral necessário
para a organização social. Para ele, o grupo profissional tem um poder moral
capaz de cercear os egoísmos individuais, de avivar nos corações dos
trabalhadores um sentimento de sua solidariedade comum, impedindo que a lei do
mais forte se aplique de modo brutal nas relações industriais e comerciais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; margin-left: 35.4pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">Introdução: o problema<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">O
trabalho se divide em três partes principais:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">-
saber qual a função da divisão do trabalho, isto é, a que necessidade ela
corresponde;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">-
determinar as causas e as condições de que depende;<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">-
classificar as principais formas anormais que ela apresenta, a fim de evitar
que sejam confundidas com as outras e, consequentemente, o patológico ajudará a
compreender melhor o fisiológico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">Função da divisão do trabalho<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">1-Método para determinar essa função <o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
</div>
<ul style="color: #b6d7a8; margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: black;">A divisão do trabalho, por aumentar a força
produtiva e a habilidade do trabalhador, é condição necessária do
desenvolvimento intelectual e material das sociedades; é a fonte da
civilização. Entretanto, a civilização é desprovida de qualquer caráter
moral; ela não apresenta os sinais exteriores pelos quais se reconhecem os
fatos morais.</span></li>
</ul>
<ul style="color: #b6d7a8; margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: black;">A moral é o mínimo indispensável, é o estritamente
necessário para o bom funcionamento da sociedade. Ela nos obriga a seguir
um caminho determinado em direção a um objetivo definido. Nem a atividade
industrial, nem a arte tem um poder moralizante capaz de orientar a
conduta.</span></li>
</ul>
<ul style="color: #b6d7a8; margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: black;">Embora a ciência possua um caráter moral, ela – a
verdadeira ciência- está restrita a poucos e, portanto, não serve como fundamento moral, bem como a
arte e a indústria.</span></li>
</ul>
<ul style="color: #b6d7a8; margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: black;">Existe uma solidariedade social decorrente de um
certo número de estados de consciência comuns a todos os membros da mesma
sociedade. É ela que o direito repressivo representa materialmente, pelo
menos naquilo que tem de essencial. </span></li>
</ul>
<ul style="color: #b6d7a8; margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="background-color: black;">Pode-se medir o grau de concentração alcançado por
uma sociedade em conseqüência da divisão do trabalho social, segundo o
desenvolvimento do direito cooperativo com sanções restitutivas. </span></li>
</ul>
<br />
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">Os
serviços econômicos que a divisão do trabalho pode </span><span style="background-color: black;">prestar são insignificantes
se comparados ao efeito moral que ela produz. Sua verdadeira função é criar
entre duas ou várias pessoas um sentimento de solidariedade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">Em
que medida a solidariedade que ela produz contribui para a integração geral da
sociedade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">Para
responder essa questão se faz necessário classificar as diferentes espécies de
solidariedade social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Solidariedade social: </b>fenômeno totalmente moral que se cristaliza por meio do
direito. Onde é forte, inclina fortemente os homens uns para os outros,
coloca-os frequentemente em contato, multiplica as ocasiões em que têm que se
relacionar. O número dessas relações é diretamente proporcional ao das regras
jurídicas que as determinam. Portanto, para definir as diferentes espécies de
solidariedade social, convém classificar as diferentes regras jurídicas de
acordo com as diferentes sanções ligadas a elas. Há dois tipos de sanções:
sanções repressivas e sanções restitutivas. Cada uma corresponde a um tipo de
solidariedade social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">2 – Solidariedade mecânica ou por
similitudes<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Crime – </b>Constitui
uma ruptura da solidariedade social. Ato que, num certo grau determina contra
seu autor aquela reação característica que se denomina pena. Um ato é criminoso
quando ofende as condições consolidadas da consciência coletiva, ou seja,
quando transgride as regras jurídicas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Sentimentos coletivos – </b>Não apenas são inscritos em todas as consciências, mas
são, também, fortemente gravados. Emoções e tendências profundamente enraizadas
<st1:personname productid="em ns. Isso" w:st="on">em nós. Isso</st1:personname>
torna lenta a evolução do direito penal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Consciência coletiva – </b>Conjunto de crenças e de sentimentos comuns à média dos
membros de uma sociedade. Sistema determinado que tem vida própria. Os
indivíduos passam e a consciência coletiva permanece. Ela é o tipo psíquico da
sociedade.<b><o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Coesão social – </b>Decorre de uma certa conformidade de todas as
consciências particulares a um tipo comum, que não é senão o tipo psíquico da
sociedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;">Existem
dois tipos de consciência para Durkheim: Uma contém os estados pessoais a cada
um de nós e que nos caracterizam. Representa nossa personalidade individual e a
constitui. A outra representa o tipo coletivo, portanto, a sociedade. Esta
determina nossa conduta. Assim, não é em vista do nosso interesse pessoal que
agimos, mas perseguimos fins coletivos. Em suma, as duas consciências formam
uma só. Dessa assimilação total do individuo à sociedade, emerge a <b>solidariedade mecânica. <o:p></o:p></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Solidariedade mecânica – </b>É uma espécie de solidariedade <i>sui generis</i>, nascida das semelhanças; liga diretamente o indivíduo
á sociedade. Além de uma ligação geral e indeterminada do indivíduo ao grupo,
torna também harmônicos os pormenores dessa conexão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Direito repressivo – </b>Próprio da solidariedade mecânica. Os atos que ele qualifica
como crimes são de dois tipos: àqueles que exibem uma dessemelhança violenta
contra o tipo coletivo; ou àqueles que ofendem órgão da consciência comum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Pena – </b>Ainda
que resulte de uma reação inteiramente mecânica, passional e irrefletida,
cumpre um papel. Serve para corrigir o culpado ou para intimidar possíveis
imitadores. Sua verdadeira função é manter a coesão social, ou preservar a
consciência comum em toda a sua vitalidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<b style="background-color: black;">3 – Solidariedade devido a divisão do
trabalho orgânica<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: justify;">
<span style="background-color: black;"><b>Direito restitutivo – </b>Exprime uma solidariedade resultante da divisão do
trabalho</span><br />
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
<span style="background-color: black;"><b><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Solidariedade orgânica – </span></b><span style="font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">Produzida pela divisão do trabalho. Se na solidariedade mecânica
prevalece a exigência de que os indivíduos sejam semelhantes, esta,
solidariedade orgânica, supõe que eles se diferem uns dos outros e necessita
que o indivíduo tenha uma esfera própria de ação, portanto, uma personalidade.
A consciência coletiva precisa deixar descoberta uma parte da consciência
individual, para que se estabeleçam funções especiais que ela não pode
regulamentar. A coesão que dela resulta é mais forte, pois, gera uma interdependência
entre os indivíduos</span></span></div>
<div style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
<span style="background-color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;">______________________</span></div>
<div style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
<span style="background-color: black; font-family: 'Times New Roman'; font-size: 12pt;"> <span style="font-size: xx-small;">*Este <i>post</i> trata-se de uma aula sobre a abordagem funcionalista de Durkheim. Mantive a apresentação em forma de tópicos porque acredito que cumpre melhor o objetivo didático.</span></span></div>
<div style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
<span style="background-color: black;"><br /></span></div>
<div style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
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<div style="text-align: left;">
<span style="background-color: black;">-->
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="color: #b6d7a8; text-align: left;">
<span style="background-color: black;">DURKHEIM, Émile.<i>Da divisão
do trabalho social</i>. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2004</span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-87485860873647085492010-07-17T14:14:00.000-07:002013-03-24T10:21:03.958-07:00Sobre a etnometodologia e seus principais conceitos<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CWINDOW%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style>
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/-elDWOB4yU7U/UU81uN633gI/AAAAAAAAAoM/yWov9MyK2mI/s1600/prensauto+005.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-elDWOB4yU7U/UU81uN633gI/AAAAAAAAAoM/yWov9MyK2mI/s320/prensauto+005.jpg" width="320" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-size: x-small;">Imagem: http://eucomaarte.blogspot.com.br/</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A etnometodologia surgiu na Califórnia nos
anos 60, ganhou terreno nos Estados Unidos e chegou até a Europa. Sua
importância epistemológica deve-se ao
fato de ter promovido uma ruptura radical com os modos de pensamento da sociologia tradicional. O eixo da pesquisa etnometodológica
é a idéia de Shültz, segundo a qual,
todos são sociólogos em estado prático. Nesse sentido, as pessoas
descrevem sua realidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
Harold
Garfinkel é apontado como o grande fundador da etonometodologia. Seu trabalho
recebeu influência de Tallcot Parsons e sua teoria da ação. Contudo, a invés de
priorizar as regras e os aspectos cullturais determinando a ação, propõe que a relação entre ator e situação deriva de processos de interpretação.
Assim vemos a sociologia passando de um paradigma normativo para um paradigma
interpretativo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
O
interacionismo simbólico é também uma das fontes da etonometodologia, em
particular com sua teoria da atribuição de rótulos, <i>labeling theory</i>. Ao tratar da questão dos desvios, os etonometólogos
recorrem a essa teoria para considerarem os efeitos de uma construção social.
Ao serem rotulados de desviantes, tais
pessoas assumem esse rótulo e desse modo justificam comportamentos posteriores
à atribuição dos rótulos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
Os conceitos chaves da abordagem etnometodológica são:
prática, realização, indicialidade,
reflexividade, <i>accountability</i>
e a noção de membro. Garfinkel explica
que seus estudos abordam atividades práticas, circunstâncias práticas e o
raciocínio sociológico prático. Assim, a etnometodologia é a pesquisa empírica
dos métodos que os indivíduos lançam mão para atribuir sentido e ao mesmo tempo
realizar as suas ações cotidianas.As crenças e os comportamentos de senso comum
são interpretados como constituintes necessários de todo comportamento
socialmente organizado. No que se refere
ao conceito de realização, o que a sociologia tradicional chama de “modelos” é
considerado pela etnometodogia como “as realizações contínuas dos atores”. Os seus defensores argumentam
que, mesmo quando os fatos se contradizem, os sociólogos arrumam um jeito para
encontrar explicações que conformem a suas hipóteses preestabelecidas, especialmente, a prerrogativa de “constância do objeto”. Para evitar tal artimanha teórica, os
etnometodólogos privilegiam a noção de processo, que busca no dinamismo do mundo social suas evidências, em detrimento da elaboração de
hipóteses que pressupõe um conhecimento prévio que não considera as contínuas transformações da realidade a ser pesquisada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A indicialidade é outro conceito relevante e
parte da premissa de que é através da linguagem que a vida social é
constituída. Nas relações do dia a dia, as pessoas conversam, indagam,
respondem, descrevem, ensinam, trapaceiam. Pode-se definir como indicialidade todas
as determinações que se ligam a uma palavra, a uma situação. Esse conceito é um
termo técnico, adaptado da lingüística. De acordo com essa proposição da
etnometodologia, as palavras só ganham sentido completo no seu contexto de
produção, quando são “indexadas” a uma situação de intercâmbio lingüístico. Mas
a indexação não esgota a integralidade do seu sentido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
A
etnometodologia também utiliza o conceito de reflexividade em suas análises.
Tal conceito designa as práticas que, concomitantemente, descrevem e constituem
o quadro social. É, segundo Coulon, a propriedade das atividades que pressupõe
ao mesmo tempo que torna observável a mesma coisa. A <i>Accountability </i> possui duas
características importantes: reflexividade e racionalidade. Os etnometodólogos procuram
definir e teorizar a <i>accountability,</i>
propondo que os <i>accounts </i>são
informantes ou estruturantes da situação de enunciação. Afirmar que o mundo
social é <i>accountable</i> é dizer que ele
é algo disponível, isto é, descritível, inteligível, relatável, analisável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A
noção de membro é outra terminologia chave da abordagem etnometodológica. Tornar-se
membro significa filiar-se a um grupo, a uma instituição, o que exige uma
conformidade com a linguagem institucional comum. Essa filiação repousa sobre a
singularidade de cada um. Uma vez ligados à coletividade, os membros não têm
necessidade de se interrogar sobre o que fazem. Conhecem as regras implícitas
de seus comportamentos e aceitam as rotinas inscritas nas práticas sociais.
Dessa forma, o membro não é apenas uma pessoa que respira e pensa, mas alguém
dotado de um conjunto de modos de agir, métodos, de atividades, de <i>savoir-faire</i>, que a capacita para criar
dispositivos de adaptação para dar sentido ao mundo que a cerca.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
Por causa
de seu caráter radical, a etnometodologia atraiu a hostilidade da sociologia
estabelecida. Em 1968, com a publicação da recensão que J.S. Coleman consagrou
na <i>American Sociological Review </i>aos <i>Studies </i>de Garfinkel, estourou a guerra
entre uma posição mais clássica da sociologia e a proposta etnometodológica que
não considera o senso comum como elemento residual, mas como algo
imprescindível para a compreensão de como os atores interpretam a vida social.</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: black; color: #b6d7a8; line-height: 150%; text-align: justify;">
________________________</div>
<div style="background-color: black; color: #b6d7a8;">
<span style="font-family: Times; font-size: small;"><span style="font-family: Times; font-size: 14px;">COULON, Alan. <i><span style="font-size: 15px;">Etnometodologia</span></i>. Petrópolis: Vozes, 1995.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-18487568333627072172010-06-18T09:47:00.000-07:002017-12-29T17:38:55.692-08:00Sobre a existência repleta de significado de José Saramago<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TCGCiwWo0AI/AAAAAAAAAQE/ViMfB8uVLvI/s1600/jose-saramago.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/TCGCiwWo0AI/AAAAAAAAAQE/ViMfB8uVLvI/s320/jose-saramago.jpg" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: "lucida grande" , "tahoma" , "verdana" , "arial" , sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;">"A grande vitória da minha vida é sentir que, no fundo, o mais importante de tudo é ser boa pessoa. Se pudesse inaugurar uma nova Internacional, seria a Internacional da Bondade." (José Saramago)</span></span><br />
<span style="font-size: x-small;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: "lucida grande" , "tahoma" , "verdana" , "arial" , sans-serif; font-size: 11px; line-height: 14px;"><br /></span></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span class="Apple-style-span" style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> Quem é leitor assíduo deste blog, supondo que exista algum, sabe do respeito e da admiração que tenho pela vida e obra de José Saramago. Para algumas pessoas, pode parecer paradoxal uma cristã confessa gostar tanto dos escritos de alguém que bradou aos quatro ventos seu ateísmo. Vou tentar, por meio deste <i>post</i>, esclarecer essa suposta incongruência.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: small;"> Ao ler os livros de Saramago, ou mesmo vendo suas entrevistas, não consegui enxergar o que considero um ateísmo autêntico. Penso que o ateísmo genuíno traduz-se em absoluta indiferença. Não dá para não acreditar em Deus e ao mesmo tempo se colocar contra Ele. Era isso que Saramago fazia (ver <i>O evangelho segundo Jesus Cristo </i>e seu último livro, <i>Caim</i>). Portanto, seria mais correto dizer que o escritor era um antiteísta, não um ateu. Antiteísmo pode parecer, sob a perspectiva da maioria dos religiosos, pior do que ateísmo e talvez seja se for percebido como uma opção incisiva pelo mal. Não era esse o caso de Saramago, ao contrário, suas desavenças com Deus partiam sempre da sua incapacidade de conciliar a existência do mal, das injustiças, com a noção de que Deus é amor, benignidade e providência. A teodiceia judaico-cristã não o satisfazia. Não sem razão, já que a história da Igreja é marcada pela vontade de poder, pela intolerância e por uma postura que contribui com a perpetuação das desigualdades sociais. Nesse sentido, o antiteísmo do romancista é compreensível. Afinal, é muito difícil desvincular a imagem de Deus da imagem da instituição religiosa que teoricamente é sua representante. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: small;"> Baseada no conhecimento teológico que tenho, que não é muito, mas que julgo o suficiente para fazer tal afirmativa, ouso dizer que a oposição de Saramago é mais justificável do que o cristianismo maculado pela conveniência de muitos de nós. Deus não se importa que briguem com Ele, desde que o confronto seja motivado pelo desejo sincero de que o bem prevaleça. Alguns personagens bíblicos (Jó, Elias, Jeremias...) o questionaram demonstrando, às vezes, até mesmo rancor, sem, no entanto, serem punidos, pois eram movidos pelo desejo de compreender e, principalmente, por um forte senso de justiça. Acredito que essas também eram as motivações do escritor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: small;"> Em síntese, José Saramago era um inquiridor que denunciava as injustiças e trabalhava em favor da dignidade humana. Foi coerente até o fim, mantendo-se fiel às suas convicções; continuou socialista num mundo cada vez mais devotado ao capital; fez da sua vida um evento realmente significativo. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: small;"> </span></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-15013444639518255982010-04-22T20:25:00.001-07:002012-01-03T07:46:43.139-08:00Sobre o risco de anomia na sociedade contemporânea<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/S9ETYbihagI/AAAAAAAAAP0/Cj4O5ySeZts/s1600/pos+modernismo.jpg"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5463169133407463938" src="http://2.bp.blogspot.com/_bb4RlzcJPpg/S9ETYbihagI/AAAAAAAAAP0/Cj4O5ySeZts/s400/pos+modernismo.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 300px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 400px;" /></a>
<br />
<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CWINDOW%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style>
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</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia, lança mão do conceito de anomia para explicar o caótico período de transição pelo qual passava a Europa no século XIX. Nenhuma transição histórica ocorre sem crise. As instituições tradicionais perdem sua força normativa, as regras sociais começam a ser contestadas e não há uma autoridade com poder suficiente para promover a coesão social. Para Durkheim, que era um otimista defensor do ideário liberal, a situação era passageira. Ele acreditava na consolidação da sociedade capitalista que, por seu turno, promoveria uma integração tão forte entre os indivíduos que nenhum outro tipo de organização econômica havia conseguido. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não quero focar no otimismo liberal do sociólogo francês, o objetivo da introdução é apenas elucidar o conceito de anomia que de modo inevitável surge em minha mente todas as vezes que assisto o noticiário ou tenho acesso às informações que são veiculadas pela mídia. A impressão que fica é que, à semelhança da época de Durkheim, estamos vivendo numa sociedade anômica. Não preciso relatar aqui as inúmeras barbaridades que os meios de comunicação se encarregam de nos colocar a par, tirando o máximo proveito da nossa sincera preocupação com o estado do mundo ou da nossa curiosidade mórbida. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quanto mais sensacionalista e apelativa for uma matéria jornalística, maior público alcançará, como se o ato criminoso em si não fosse mais suficiente para nos deixar indignados. Digo isso porque temo que estejamos perdendo nossa sensibilidade. Em um trecho de seu livro <i>Ensaio sobre a cegueira, </i> José Saramago exemplifica bem o que estou tentando dizer. Ele observa:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 117pt; text-align: justify;">
[...] se uma pessoa mata outra, por exemplo, seria melhor enunciá-lo assim simplesmente, e confiar que o horror do ato, só por si, fosse tão chocante que nos dispensasse de dizer que foi horrível, Quer dizer que temos palavras demais, Quero dizer que temos sentimentos de menos. (grafia do autor)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Se, por um lado, os meios de comunicação cumprem a importante função de denunciar, por outro, eles contribuem para propagar o pessimismo, a sensação de insegurança e, pior que isso, ajudam a banalizar atos que devem ser veementemente repudiados pela sociedade. Estes são alguns dos efeitos colaterais do excesso de informação que recebemos. Não sem razão, o relativismo se acentua, temos dificuldades em estabelecer os limites entre certo e errado e somos tomados por uma apatia crônica. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Embora, às vezes, eu tenha a sensação de que as coisas estão fora de controle, penso que tal sensação não condiz com a realidade. As estruturas sociais estão cambiantes, mas conseguem manter uma certa ordem. Todavia, se não mudarmos de direção, acredito que num futuro bem próximo podemos sofrer a mais grave conseqüência da nossa falta de comprometimento com a situação atual: um retrocesso generalizado no processo civilizador. E isso pode se manisfestar de duas formas. A primeira é a instauração da barbárie como resultado da frouxidão das normas de convivência social. Os recorrentes crimes que ocorrem em instituições escolares da adoecida sociedade estadunidense é uma pequena amostra do que poderá acontecer em proporções bem maiores se algo não for feito. A segunda é a barbárie legitimada por ideais fundamentalistas. Ora, uma sociedade anômica clama por ordem. Dessa forma, qualquer líder que acene com a possibilidade de segurança pode ganhar facilmente a adesão daqueles que anseiam por alguém que seja capaz de lhes dizer o que está errado e como esse mal deve ser combatido. Assim, tudo se torna válido em prol do objetivo maior de colocar as coisas no seu devido lugar. Os maiores crimes da humanidade foram cometidos sob esse pretexto.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
O prognóstico delineado não é nada bom, mas as coisas não precisam acontecer dessa maneira. Podemos construir um mundo que seja mais aprazível para todos. A única revolução de que necessitamos deve acontecer dentro de cada um de nós para vencermos a alienação que nos faz valorizar o supérfluo em detrimento daquilo que realmente importa: o ser humano. A valorização do homem exige atitudes concretas. Quando nos envolvemos com causas significativas, quando não nos isentamos da responsabilidade de educar nossos filhos, quando somos comprometidos com princípios éticos, contribuímos de forma efetiva para que o futuro seja, de fato, mais promissor do que o momento presente parece indicar. </div>
</div>Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2141649910054750044.post-26143460546142286172010-03-10T07:50:00.000-08:002018-01-04T05:46:37.323-08:00Robert K. Merton - Estrutura social e anomia<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CWINDOW%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style>
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<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-OfuZ7r1gbug/UU8rb7glwhI/AAAAAAAAAnk/0I4TCa1mzi4/s1600/merton.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://2.bp.blogspot.com/-OfuZ7r1gbug/UU8rb7glwhI/AAAAAAAAAnk/0I4TCa1mzi4/s320/merton.jpg" width="274" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As perspectivas sociológicas se voltam para a análise do comportamento que se desvia das normas prescritas. Observar a freqüência do comportamento desviado e porque o desvio tem diferentes formas e moldes em estruturas diferentes. Segundo Merton, a infração dos códigos constitui uma reação “normal”. Seu trabalho consiste em tentar esclarecer esse problema e proporcionar um enfoque sistemático da análise das fontes sociais e culturais do comportamento transviado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Objetivo Principal: </b>Como algumas estruturas sociais exercem uma pressão definida sobre certas pessoas da sociedade para que sigam uma conduta não conformista.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Padrões de metas culturais e normas institucionais
</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><o:p> </o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b> </b>Dois elementos importantes das estruturas sociais e culturais:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="1" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Objetivos culturalmente definidos, de propósitos e interesses, mantidos como objetivos legítimos para todos, ou para membros diversamente localizados na sociedade.</li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Elemento da estrutura social que define, regula e controla os modos aceitáveis de alcançar os objetivos. As normas institucionalizadas limitam a escolha dos meios para atingir as metas culturais.</li>
</ol>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="2" style="margin-top: 0cm;" type="1"><ul style="margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">A ênfase cultural dada a certos objetivos varia independentemente do grau de ênfase dos meios institucionalizados.</li>
</ul>
</ol>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há um problema de má integração cultural quando objetivos particulares se sobrepõem aos meios institucionalizados e, portanto, socialmente aceitos para alcançá-los. Nesse sentido, a eficiência técnica se torna mais importante do que os meios institucionalizados. Por outro lado, o total conformismo com o que está posto pode gerar estagnação. A sociedade é limitada pela tradição “sagrada” marcada pela neofobia. Esse tipo de sociedade é integrada e relativamente estável.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O equilíbrio seria o total ajustamento das satisfações proporcionadas aos indivíduos às pressões culturais provenientes da realização de objetivos, satisfação derivada também da forma de esforço para atingi-los.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Hipótese do autor: </b>O comportamento desviado pode ser considerado sociologicamente como um sistema de dissociação entre as aspirações culturalmente prescritas e os meios estruturalmente proporcionados para realizar essas aspirações.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cultura norte-americana é apontada como exemplo de sociedade que põe ênfase nos objetivos, sem a ênfase equivalente nos meios institucionalizados. O êxito financeiro é supervalorizado, e o indivíduo é levado a crer que todos podem alcançar o sucesso.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cultura norte-americana impõe a aceitação de três axiomas culturais:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="1" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Todos devem se esforçar para atingir os mais elevados objetivos, já que estão á disposição de todos. Psicologicamente, reforço simbólico do incentivo. Sociologicamente, desvio da crítica da estrutura social para o próprio indivíduo.</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="2" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O aparente fracasso momentâneo é apenas uma estação no caminho do sucesso final. Psicologicamente, um freio à ameaça de extinção da reação mediante um estímulo associado. Sociologicamente, preservação de uma estrutura de poder social pela identificação dos indivíduos dos estratos inferiores não com seus pares, mas com aqueles que estão no alto.</li>
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">O verdadeiro fracasso consiste apenas na diminuição ou retirada da ambição. Psicologicamente, aumento da força impulsora para responder constantemente ao estímulo, apesar da continuada ausência de recompensa. Sociologicamente, atuação de pressões culturais favoráveis à conformidade com ditames culturais de ambição irreprimível. Os acomodados podem ser considerados como não pertencentes à sociedade.</li>
</ol>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como reagem os indivíduos que vivem nesse contexto cultural?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Tipos de adaptação individual</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Merton considera cinco tipos de adaptação:</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="1" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Conformidade – Em sociedades estáveis, a conformidade é o tipo de adaptação mais difundido. Os padrões estabelecidos são amplamente aceitos pelos membros.</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="2" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Inovação – A ênfase cultural sobre os objetivos estimula este modo de adaptação através de meios institucionalmente proibidos, mas freqüentemente eficientes para atingir pelo menos o simulacro do sucesso- riqueza e poder. O mérito está em se dar bem, por conseguinte, fica minimizada a distinção entre os meios legais dos costumes, dos meios espertos. As maiores pressões para o comportamento transviado são exercidas sobre as camadas inferiores, pois, estas, não têm acesso aos meios legais para atingir as metas. Assim, vícios e crimes constituem uma reação “normal” contra uma situação em que a ênfase cultural sobre o sucesso pecuniário tem sido assimilada, mas onde há pouco acesso aos meios legítimos para que uma pessoa seja bem sucedida. Os conscientes podem assimilar outro modo de adaptação: a rebelião. Há ainda àqueles que recorrem às justificações místicas, tais como a doutrina da sorte, que cumpre dupla função: explicar a freqüente discrepância entre mérito e recompensa ao mesmo tempo que conserva imune da crítica uma estrutura social que permite tal discrepância.</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="3" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Ritualismo – As regras institucionais são seguidas quase que compulsivamente. Baixo nível de aspiração derivado do medo de fracassar.</li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="4" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Retraimento – Rejeição dos objetivos culturais e meios institucionais. É a mais incomum forma de adaptação. Pessoas adaptadas (ou mal adaptadas) desse modo estão na sociedade, mas não são da sociedade, pois não compartilham da escala comum de valores. Ex: artistas, psicóticos, párias, proscritos, drogados. </li>
</ol>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<ol start="5" style="margin-top: 0cm;" type="1">
<li class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Rebelião – Esta adaptação leva os homens que estão fora da estrutura social circuncidante a encarar e procurar trazer à tona uma estrutura social nova. Pressupõe o afastamento dos objetivos dominantes e dos padrões vigentes, os quais vêm a ser considerados puramente arbitrários, portanto, não podem exigir sujeição, nem serem considerados legítimos. O objetivo da rebelião é introduzir uma estrutura social onde haja uma correspondência mais estreita entre o mérito, o esforço e a recompensa.</li>
</ol>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 36pt; text-align: justify;">
<b>Rebelião # ressentimento<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: "symbol";">· </span>A função dual do mito: a rebelião se sustenta sobre um novo mito, que serve como propulsor na busca de uma estrutura que presumivelmente não provocará frustração nos indivíduos merecedores. Por outro lado, o mito conservador pode assegurar que as frustrações estão na natureza das coisas e ocorrem em qualquer sistema social. O mito da rebelião e do conservadorismo trabalham na direção de um “monopólio da imaginação” em termos que encaminhem o frustrado à adaptação 5 ou o afaste dela.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 18pt; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Tendência à anomia</b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><o:p> </o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando a ênfase cultural muda da satisfação provinda da competição para a preocupação exclusiva com o resultado final, a tensão resultante favorece a ruptura da estrutura reguladora</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>O papel da família</i> – A família é uma importante correia de transmissão na difusão dos padrões culturais em relação a geração seguinte. As crianças são estimuladas, não apenas por meios diretos, mas, também, pela convivência e observação constantes, a assimilarem determinados paradigmas.
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
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--> <br />
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<span style="font-family: "symbol";">· </span>A projeção das ambições paternas sobre a criança – os pais podem tentar obter sucesso por procuração, através de seus filhos- projeção compensatória. Dedução: os pais “fracassados” exerceriam uma maior pressão sobre os filhos, estimulando o comportamento desviado, pois os meios legítimos não estão acessíveis justamente a essas camadas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 72pt; text-align: justify; text-indent: -18pt;">
<br /></div>
<link href="file:///C:%5CDOCUME%7E1%5CWINDOW%7E1%5CCONFIG%7E1%5CTemp%5Cmsohtml1%5C01%5Cclip_filelist.xml" rel="File-List"></link><style>
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--> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
_______________________</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 78%;">*Este texto é o resumo de um seminário que apresentei sobre teoria sociológica contemporânea. Espero que seja útil para aqueles que buscam compreender as proposições de Robert K. Merton.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-weight: bold;">Bibliografia</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-weight: bold;">
</span></div>
<i></i>MERTON, Robert K., Estrutura social e anomia<i></i> In: <span style="font-style: italic;">Sociologia; teoria e</span> <i>estrutura</i>. São Paulo: Mestre Jou, 1970.<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
</div>
Janete Rodrigueshttp://www.blogger.com/profile/03234799930597974216noreply@blogger.com6